sábado, 12 de dezembro de 2009

O NATAL QUE EU DESEJO

Um excelente caminho para descobrir as necessidades humanas é conhecer seus desejos. Pois o desejo é a denúncia daquilo que falta, a sensação de uma ausência que avisa sobre alguma carência. Temos desejo de comer ou beber quando há ausência de alimento ou água em nosso organismo. Vestimos roupas extravagantes e nos comportamos inconvenientemente quando estamos carentes da atenção dos outros (segundo os psicanalistas, claro!). Desejamos a companhia de quem amamos nos momentos em que eles estão ausentes. Compramos roupas, calçados e bugigangas quando estes se gastaram com o uso ou quando saíram de moda e já não nos satisfazem. E segue-se a lista que denuncia tanto as nossas necessidades mais triviais e supérfluas quanto as nossas carências existenciais mais sinceras.
Falar, então, sobre o Natal que eu desejo é também confessar que a ausência que guardo na alma ainda não foi suprimida pelo espírito deste Natal. Parece que o glamour das luzes, o colorido dos enfeites, a beleza dos coros espalhados por todos os shoppings e igrejas da cidade cantando canções natalinas, a troca de presentes nos Amigos Secretos entre os amigos de trabalho ou familiares, as centenas de Papais Noel presentes em cada estabelecimento comercial seduzindo nossas crianças e nos convidando a comprar mais, muito mais, do que podemos pagar e, por fim, os presépios, encenações e musicais relembrando o nascimento de Jesus, ainda não são suficientes para saciar os meus desejos de Natal.
E quais são os meus desejos de Natal? – você deve ter se perguntado.
Desejo que o nascimento do nosso Salvador seja sempre o motivo da celebração;
Desejo que o Filho de Deus nasça também no coração e no lar de cada pessoa;
Desejo que haja paz na Terra, em Salvador e em Cosme de Farias, para que nossos filhos possam brincar nas ruas como um dia nós brincamos;
Desejo que os religiosos entendam o mistério do Menino Deus e aprendam a ser crianças, desistindo de serem deuses;
Desejo que o Emanuel seja o companheiro real dos que sofrem as dores das guerras, da fome, da solidão e do abandono;
Desejo que os avarentos partilhem do prazer de dar presentes sem esperar receber em troca;
Desejo que os ambiciosos desistam das tentativas de manipular a Vida com seus bens, poder, influência e dízimos, por entenderem que o Rei só quer os seus corações, suas vidas;
Desejo que cada pessoa seja uma estrela que aponta o lugar onde nasceu a esperança, e que este lugar seja uma casa, nossa casa;
Desejo que a lembrança do Rei da Glória deitado numa manjedoura entre animais, pobres e rejeitados, nos dê força para vencer o demônio do consumismo desigual e irresponsável que nos divide entre pobres e ricos;
Desejo que o espírito fraterno deste Natal de Jesus, que nos faz irmãos uns dos outros, se perpetue em todos os dias e momentos de nossa existência.

E AGORA?

Pedimos a Deus que nos desse direção; ele plantou em nossas mentes uma idéia: celebrar nosso segundo aniversário com um impacto evangelístico; não conseguimos resistir (e nem queríamos!) e aceitamos o desafio; nos preparamos, oramos e fomos à batalha nas ruas (que o lugar próprio da Igreja) juntos com outros de perto e de longe, unidos no único propósito de anunciar o Reino de Deus em Cosme de Farias; o dia chegou e saímos a semear a Palavra de Salvação; voltamos com os braços cheios dos frutos que colhemos na seara (porque num trabalho como este não ganham apenas as vidas que aceitam a Cristo, mas nós também, quando percebemos que perdemos muito tempo com quirelas dentro de nossas confortáveis paredes); o saldo foi de crentes que aprenderam a trabalhar em equipe, mais de 200 pessoas evangelizadas, 115 Estudos Bíblicos marcados e 12 decisões.
Hoje, depois que vivemos mais uma vez a fidelidade de nosso Deus, fica uma pergunta: E AGORA?
E agora Igreja Batista Soteropolitana, o que faremos com as lições que aprendemos naqueles dias, quando trabalhos em equipe, respeitando um ao outro, quando saímos às ruas e nos deparamos com a realidade de um povo que é responsabilidade nossa e perece simplesmente porque temos coisas mais importantes para nos ocupar, tais como nossos cargos na Igreja, a decoração do santuário, nossos departamentos, as normas do Estatuto, a exclusão dos que faltam aos cultos, as desavenças egoístas de quem só pensa em si, as brigas por poder...?
E agora Igreja Batista Soteropolitana, o que faremos com os novos decididos? Ensinaremos a eles a amarem a Jesus da mesma forma como nós dizemos que amamos? Diremos a eles que tenham o mesmo compromisso com a Igreja do Senhor que nós temos? Falaremos a eles de amor ao próximo nos usando como exemplo da prática desse amor?
Talvez o alvo maior do impacto evangelístico que realizamos tenha sido nós mesmos. Talvez, nestes dias, o Senhor quis converter o nosso coração de pedra em coração de carne que pulsa por amor a ele, ao nosso irmão e à sua Igreja. Amor não de palavras, mas de ações.
“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu os ouvirei dos céus e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (2Crôncas 7.14)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

QUEM CANTA SEUS MALES ESPANTA?

Os músicos cristãos insistem em afirmar que Deus é musical. E sou forçado a concordar com eles. Algo tão forte, capaz de provocar em nós sentimentos e comportamentos que vão da tristeza mais melancólica à euforia mais compulsiva, deve realmente ter origem divina.
Já que Deus nos deu a música, e tudo que vem dele é bom, é possível dizer que a música é algo bom para o nosso coração, para nossa vida.
Dizer que Deus é musical, porém, não significa definir sua essência, mas é descrever seu modo de se relacionar, nos encantando, seduzindo, emocionando, nos “tocando” como fazem as canções mais sinceras e belas.
É por isso que nós, próximos do coração de Deus (que é Jesus, seu Filho), cantamos sempre. Temos um cântico para cada nova situação da vida. Entoamos louvores quando a vitória é conquistada, cantarolamos tímidas notas quando o coração está triste, cantamos para espantar os males, mas também, encontramos nos louvores a força necessária para suportar os dias maus.
Acredito que o exemplo deixado por Jesus durante a última ceia junto com seus discípulos elucida bem o que acabamos de afirmar. O Evangelho de Mateus (26.25 e também Marcos 14.26) conta que após ceiar, Jesus e seus discípulos cantaram um hino e logo seguiram para o Monte das Oliveiras, de onde o Mestre iniciou seu martírio vicário. Naquela vez, cantar não espantou o mal da violência, o peso da cruz, a dor do abandono e a humilhação do caminho. O último hino, ao que parece, cantado na companhia prazerosa dos amigos queridos, concedeu força, fé e amor para suportar todo o mal necessário representado na cruz.
Seja como for, com lágrimas no rosto ou sorrisos nos lábios, cantar um hino de louvor sempre será uma boa opção para quem busca tocar o coração de Deus e ser tocado por ele. Talvez a experiência de Horatio Gates Spafford (1828-1888), na composição do hino “Sou feliz” (nº 398, do Cantor Cristão) te ajude a compreender essa verdade.

Se paz, a mais doce, me deres gozar
Se dor, a mais forte, sofrer,
Oh! Seja o que for, Tu me fazes saber
Que feliz com Jesus sempre sou!

Sou feliz com Jesus, Sou feliz com Jesus, meu Senhor!

Embora me assalte o cruel Satanás
E ataque com vis tentações;
Oh! Certo eu estou, apesar de aflições,
Que feliz eu serei com Jesus!

Meu triste pecado por meu Salvador
Foi pago de um modo cabal;
Valeu-me o Senhor, oh! mercê sem igual.
Sou feliz! Graças dou a Jesus!

A vinda eu anseio do meu Salvador.
Em breve virá me levar
Ao céu onde vou para sempre morar
Com remidos na luz do Senhor.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

PRESENTES ESPECIAIS NUM DIA ESPECIAL

“Parabéns Pastor, pelo seu dia!” Essa, com certeza, será a frase mais ouvida pelos nossos pastores neste segundo domingo de Junho – o Dia do Pastor. E essas datas comemorativas são, apesar das críticas, importantes sim, pois nos ajudam a lembrar da importância de algumas pessoas. Então aproveitamos para dizer coisas bonitas, desejar felicidades, muitas bênçãos, organizar programas especiais traçando o perfil ideal (e inalcançável) de pastor, dar presentes – flores, sapatos, roupas, livros; tudo para ver os nossos pastores mais felizes. E eles realmente ficam, afinal, é sempre bom receber atenção de pessoas queridas.
No entanto, as datas comemorativas também servem bem como momentos preciosos de reflexão. É hora de rever conceitos e posturas. Um bom exercício que não é apenas privilégio dos filósofos, mas de todos que aspiram por amadurecimento na relação consigo mesmo, com o próximo e com Deus. Refletir sobre nossos conceitos (o que pensamos sobre as coisas e pessoas) e posturas (o nosso comportamento frente a elas) é o primeiro passo para melhorarmos o nosso relacionamento com o mundo e, também, com os nossos pastores.
Hoje, talvez seja o dia de ir um pouco mais além de programas prontos, presentes materiais e doces palavras descomprometidas. Isso todos podem fazer durante o ano todo. Talvez os presentes que os nossos pastores esperam de nós hoje sejam outros: que tenhamos mais compromisso com Cristo, espontânea dedicação nas atividades da Igreja, sinceridade nas falas e atitudes, transparência nas relações com os irmãos e com o pastor, expressões concretas de amor, apoio ao pastor na visão que Deus lhe deu para a Igreja... E vai seguindo a lista. Faça a sua começando pelos itens já mencionados. Vá ao seu pastor hoje ainda e comece a presenteá-lo. Com certeza ele ficará muito feliz e, no dia-a-dia, você, ele e toda a Igreja, desfrutarão de presentes tão especiais.
Que o Sumo Pastor nos abençoe nessa tarefa.

SETE NOTAS PARA UMA NOVA CANÇÃO...

O tema do “novo” é um dos mais recorrentes nas Escrituras Sagradas. O próprio Mestre Jesus se apropria do apelo ao “novo” em sua mensagem sobre o Reino de Deus. O profundo diálogo do Mestre com Nicodemos é um exemplo da importância de “nascer de novo” para aqueles que desejam viver a vontade do Pai (João 3.1-7). O apóstolo Paulo aprendeu esta verdade no caminho para Damasco quando ouviu a voz de Jesus e o aceitou como Senhor (Atos 9.3-5). E em 2ª Coríntios 5.17 sintetizou a “novidade” de vida com Deus afirmando que se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo. Mas, já no Antigo Testamento, o salmista Davi declarou que o Senhor colocou em seus lábios um cântico novo para substituir seu estado anterior de pecado e humilhação (Salmos 40.1-3).
Nós, aqui na Sotero, também recebemos de Deus uma nova canção, cheia de vida, graça e perdão, através de seu Filho, o nosso Salvador. Para a canção da cruz, sete notas são fundamentais:
Dó-ação. Desprender-se das coisas e de si mesmo é o primeiro passo para quem deseja começar de novo. Doar os bens é possibilitar que outros tenham acesso igual as mesmas oportunidades que eu. Doar a mim mesmo é responder com o amor de Deus o apelo individualista de um mundo que vive no maligno estilo de “cada um por si”.
-começo. O caminho do retorno é conhecido dos filhos de Deus. Quem canta a canção da cruz sabe que precisa voltar sempre. Volta para reconstruir as cidades e as esperanças, volta para socorrer o caído na estrada e volta ao primeiro amor.
Mi-sericórdia. Na manhã deste domingo, assim como no domingo em que nosso Senhor ressuscitou, as misericórdias do Pai se re-novaram. O coração misericordioso será sempre novo, como novo é o perdão sincero que abre caminhos para unir novamente os irmãos que um dia foram separados pela força diabólica de um coração de pedra.
-mília. A igreja de Cristo nasce ao pé de sua cruz, não numa sala de reuniões no templo de Jerusalém, atribuindo cargos aos apóstolos para gerenciar o povo. Ao nascer da cruz, esse novo povo torna-se “um povo”, com o mesmo coração, mesma dor, mesma alegria, mesma esperança. No Calvário, como numa família, todos são iguais: são culpados pela morte do Cordeiro. Mas também são objeto do amor do Cordeiro que torna a todos que o aceitarem em seus amigos, irmãos uns dos outros e filhos do grande Pai.
Sol-idariedade. O novo cântico de Deus para nós não é uma canção do solitário, mas do solidário. Daquele que, a exemplo do Pai, traz para si as mazelas do mundo, as dores de seus irmãos, as lágrimas das mães, o desespero dos órfãos, o clamor das nações, o gemido da natureza, o desânimo dos que cansaram de lutar por justiça e lhes propõe uma troca: “me dê o fardo que pesa sobre ti e eu te darei um outro leve e suave, estenderei minha mão, emprestarei meu ombro, dividirei meu pão e minha casa e enxugarei tuas lágrimas”.
-mpada. A canção da cruz toca o coração, mas também ilumina a mente, esclarece a razão, tornando visível os perigos do caminho largo e as bênção do caminho estreito.
Si-ngularidade. Ao contrário do mercado fonográfico cheio de imitações, nosso Deus é original e o que ele faz é único, como ele é. Você e eu também somos únicos, assim como a nova canção de Deus em nós. Não queira cantar a música do outro, porque a canção de graça, perdão, esperança e vitória que Deus tem para você já foi composta na cruz do Calvário, basta abrir o coração e ouví-la.

domingo, 8 de novembro de 2009

VOCÊ PODE SER UM CANTOR PROFISSIONAL

Não faz muito tempo que recebi uma “bronca” de uma querida irmã da Sotero. Segundo ela, eu deveria parar de dizer que não sei cantar afinadamente e me esforçar mais para cantar bem. E ela disse a razão: primeiro, porque repetir que não sei cantar me impede de aprender; segundo, porque é muito bonito um pastor que canta, especialmente quando faz isso logo após a pregação.
Mesmo sendo a vítima da “bronca”, admito que concordo com a irmã. Preciso me esforçar para cantar bem e também admiro um pastor-cantor. Mas, também confesso que esse pode ser um dos “espinhos na carne” que terei de levar comigo!
Lembrei desse episódio enquanto refletia sobre a relação da música com a igreja, com as pessoas que assistem nossos cultos e com uma adoração verdadeira ao Pai.
Em seu diálogo com a mulher samaritana (João 4.6-26), um dos mais profundos nos Evangelhos, Jesus revela que a adoração a Deus, ao contrário da adoração aos ídolos, precisa ser em espírito e em verdade. E não poderia ser de outra forma!
Os ídolos não se materializam apenas nas imagens de escultura feitas por mãos de homens (Jeremias 10.14; 51.17), mas também tomam a forma organizacional das estruturas religiosas. O culto ao Deus de Israel tornou-se vazio e sem misericórdia, apesar de suas celebrações tão ostentosas. Problema enfrentado desde o Antigo Testamento (Isaías 1; Amos 5). Se a adoração ao Pai Celeste tem sua manifestação mais expressiva no culto coletivo, então faz sentido que os cultos sejam em espírito (desprendidos de uma estética do espetáculo e da valorização das coisas em detrimento das pessoas) e em verdade (porque diante do Deus que vê nosso coração não há lugar para falsidade).
Infelizmente, ainda insistimos no erro denunciado por Jesus e praticado pelos religiosos de seu tempo. Super-valorizamos a estética dos cultos, o profissionalismo dos músicos, solistas e instrumentistas, a impecável homilia do pregador com terno e gravata e as mais diversas programações especiais cheias de efeitos para impressionar os visitantes. Só nos esquecemos de um discreto detalhe: a adoração em espírito e em verdade que, no ministério de Jesus, se traduz em amar as pessoas com amor de cruz, mesmo que sejam elas quem me crucifiquem.
Não é o profissionalismo que toca o coração de Deus, mas o amor a ele e ao nosso próximo. Por isso, me arrisco a dizer que foi Jesus quem prestou o maior e melhor culto a Deus e fez isso sem templos e sem programações, apenas com sua vida, seu corpo, seu sangue e seu amor numa cruz.
Espero que sejamos profissionais nessa canção chamada amor de Deus.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

DOIS ANOS DE VIDA E UM MÊS DE FESTA

Que eu tenho uma paixão declarada por crianças, já é notório a todos com os quais convivo. Gosto de estar com elas, ouvi-las, mesmo que não entenda suas palavras meio enroladas, gosto de observá-las enquanto dão seus primeiros passos na vida. Parecem protótipos de gente, como que “adultinhos”! Nos imitam, vestem nossas roupas, usam nossas coisas, reproduzem nossas palavras e comportamento. A propósito, elas precisam fazer isto, é uma questão de sobrevivência. Pois é nos imitando que as crianças aprendem a “se virar”, pelo menos inicialmente, num mundo no qual elas estão fadadas a viver. Daí tanta exigência sobre os adultos, os pais e responsáveis por crianças: é com você que elas irão aprender a viver.
Nesse momento especial de nossa história, gosto de pensar em nossa Igreja como uma criança, e de apenas dois anos. Uma nova vida em meio a outras centenárias, que começa a dar seus primeiros passos. E como é bom ouvir suas primeiras palavras de amor, perdão e proclamação do Evangelho. Mas, assim como as crianças, a Igreja também imita enquanto aprende. É através do exemplo de outros, daqueles que já foram alcançados e efetivamente transformados pelo amor de Deus, que a Igreja irá aprender a viver neste mundo.
Eis aqui nossa grande responsabilidade ao completarmos dois anos de organização: a Igreja viverá amanhã da forma como aprendeu conosco hoje. Pensando nisso, celebre conosco este aniversário que também é seu. Será um mês inteiro de festa. E no último fim de semana do mês, realizaremos, pela graça de Deus, um impacto evangelístico em nosso bairro, esperando alcançar mais e mais pessoas com a Palavra da Verdade. E escolhemos festejar dessa forma, porque é assim que queremos ser quando crescermos, uma Igreja forte, alegre, que ama as pessoas, inclusive o pecador, e por isso, vai ao seu encontro cumprindo a ordem do Mestre Jesus.
É esse o exemplo que você tem deixado à sua Igreja?
Que o Senhor da Igreja nos abençoe.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

LONGE DO PECADO. PERTO DE DEUS. II

O Jovens da Sotero nos desafiaram nestes dias a nos aproximar mais de Deus. Tal dasafio gera três perguntas: 1) Como me aproximar de Deus?; 2) De que Deus devo me aproximar? 3) E onde posso encontrá-lo? Será o Filho de Deus que nos ajudará nas respostas a essas indagações.
Jesus disse que ele e o Pai são um (João 10.30). Aproximar-se de Jesus, então, significa aproximar-se de Deus.
Esse é o Deus dos cristãos, o nosso Deus: deixou sua glória para se tornar um de nós, nasceu criança frágil numa família simples, conviveu com pessoas pobres e ricas, sentou-se à mesa com homens e mulheres, acolheu crianças, chorou por misericórida, perdoou quem lhe feriu, amou até à cruz e ainda hoje continua nos amando. Se o nosso Deus caminha na direção do amor e da graça até nos encontrar, por que insistimos em procurá-lo na direção dos excessos, dos cultos, dos templos, das religiões, das doutrinas, dos dízimos, das promessas? Já faz muito tempo que Deus mudou de endereço, deixando os santuários frios para habitar os corações dos homens e mulheres que o buscam com sinceridade de coração.
Dito isto, parece que descobrimos o caminho para chegar perto de Deus: Jesus Cristo, seu Filho. Mas lembre-se que aproximar-se de Jesus é aproximar-se de gente, não de deuses, é sentir um coração cheio de amor, não a indiferença das religiões.
Chegue perto de Deus. Ame as pessoas.

LONGE DO PECADO. PERTO DE DEUS.

A disparidade parece óbvia qualquer cristão sincero: na medida em que nos afastamos de Deus, nos aproximamos do pecado e quanto mais próximos de Deus, mais distantes do pecado. São pólos opostos que nunca se tocarão. Mesmo na forma humana, submetido ao tempo e seus percalços, Jesus declara que ninguém o convence de pecado (João 8.46). Foi a expressão “do pecado” que chamou minha atenção no tema proposto pelos Jovens da Sotero. Mas de que pecado devemos manter distância? Porque a lista pode ser imensa! A depender do grau de radicalidade, da literalidade de interpretação bíblica e dos interesses e ideologias dominantes, a quantidade de pecados multiplica-se na mesma medida que já não se sabe mais o que foi mesmo classificado como pecado. Aí, proíbe-se tudo, inclusive a possibilidade de amar, perdoar, servir, adorar etc. Talvez esta Semana Jovem seja uma boa oportunidade para re-pensar nossa lista, começando por uma defeinição mais clara, honesta e bíblica para pecado. Itens como usar maquigem ou calça comprida, assisitir ao Bahia em Pituaçu, tomar banho de mar com roupas de praia, assistir TV e ir ao cinema, já saíram da lista e da vida de muita gente. Graças a Deus! Mas, se estas práticas saem outras devem entrar. Sugiro, então alguns pecados que devem permanecer na lista do nosso coração grifados com tinta vermelha;
1. Altivez. Perto de Deus somos interdependentes, nunca autônomos.
2. Maldade. Perto de Deus, deixamos as armas para plantar flores e jardins.
3. Falsidade. Perto de Deus somos verdadeiros, como ele é a Verdade.
4. Fofoca. Perto de Deus nossas palavras trazem paz, benção, consolo e encorajam.
5. Indiferença. Perto de Deus somos altruístas, rimos e choramos juntos.
6. Inflexibilidade. Perto de Deus, aprendemos com ele a perdoar sempre.
7. Injustiça. Perto de Deus somos todos irmãos e não há necessitados no meio de nós.
Além desses, há outros descritos por Paulo em Gálatas 5.19-21 que também devem fazer parte de nossa lista. E quando parecer difícil resistir a estes pecados, lembre que o vermelho com o qual você os grifou vem do sangue de Jesus, derramado na cruz e poderoso para nos livrar de toda força do pecado. Talvez este antigo hino te ajude a entender isso:
Meu Senhor, sou teu, tua voz ouvi
A chamar-me com amor;
Mas de ti mais perto eu almejo estar,

Ó bendito Salvador!

Mais perto da tua cruz
Quero estar, ó Salvador!
Mais perto, para a tua cruz,
Leva-me, ó meu Senhor!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

SANTO 12 DE OUTUBRO!

É amanhã, 12 de outubro, o dia tão esperado. As crianças amam tanto essa data quanto o Natal, pela oportunidade de ganhar presentes. Os devotos à Padroeira do Brasil aguardam todo ano pelo dia dedicado à Santa. E os trabalhadores e estudantes já não viam a hora de mais esse feriadão chegar!
Na reflexões teológicas mais críticas aparece sempre como alvo as concepções de sagrado e profano. Definir os limites de cada um desses campos da condição humana é um dilema para bons teólogos. O dia 12 de outubro é uma boa oportunidade para ilustrar tal problemática e para refletir sobre possíveis caminhos a se trilhar.
Sagrado, no imaginário popular-brasileiro-cristão, é a experiência de devoção e peregrinação vivenciada pelos que veneram a Nossa Senhora de Aparecida. Apesar de não concordarmos com manifestações de fé que envolvam idolatria, teremos que admitir que tal experiência é, sim, de fé. Porque a fé, a crença, a devoção a algo ou alguém, pode ser acessada por todos indistintamente. Um problema aqui, seria nossa concepção sobre o que é sagrado ou sobre onde está o sagrado. Para nós, cristãos-protestantes-históricos, sagrado é aquilo que se encontra fora, separado do mundo, porque este, o mundo, é profano, “jaz no maligno”. Assim, o sagrado não pode ser encontrado nas coisas do mundo natural e mal, ele precisa estar no céu, puro, bom e harmonioso. Mas, se o sagrado está no céu, longe do mundo, como posso ter acesso a ele ou ser acessado, tocado por ele? Como Deus, enquanto representante máximo de tudo que é sagrado, pode se relacionar, se comunicar comigo, se eu estou no mundo profano e Ele no santo céu?
Nenhuma resposta a essa pergunta será fácil. Mas é possível sinalizar dois caminhos:
O primeiro é o caminho do deixe como está, dos conceitos prontos que determinam sobre nossas mentes a impossibilidade de outro pensar, outro conceito, outra resposta. Neste caminho do deixe como está não se pergunta sobre a sacralidade do sagrado, ou melhor, sobre a legitimidade da autoridade dos representantes do sagrado. “O templo é sagrado?”, “Somente o pastor e o padre falam pelo sagrado?”, “As ordenanças e os sacramentos são o próprio sagrado?” são perguntas proíbidas aqui.
O segundo caminho é para poucos. Logo no início há uma placa onde se lê: “Só começe esta peregrinação se for homem!”. Porque este caminho é para homens e mulheres se humanizarem. Os que querem se divinizar e adorar à divindade distantante e indiferente, continuem lá no primeiro caminho. Os que estão aqui não precisam ser deuses, porque encontraram a Vida e a Vida os encontrou no meio dos homens, das mulheres, das crianças, dos pobres. Estes peregrinos conseguiram enchergar Deus, o Sagrado, nas flores, nos sorrisos, na dor, na festa, na companhia solidária que divide o pão (Lucas 24.13-32), no amor incondicional que se oferece numa cruz.
Se Jesus é O Caminho, então suspeito que foi ele quem pregou aquela placa.

VOCÊ PRATICA ESSE ESPORTE?

A última sexta, dia 02 de outubro, ficará marcada como o dia em, pela primeira vez, um país da América Latina foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Sediar as Olimpíadas de 2016 não foi uma vitória apenas do Rio de Janeiro. Todos nós, brasileiros, latino-americanos, nações historicamente esfoliadas pelo violento capital do Primeiro Mundo, soltamos mais um grito de esperança, há muito preso na garganta. Parece que estamos diante de mais um daqueles momentos quando a história nos sinaliza razões para crer, lutar e ter esperança. E que bom que tais “sentimentos” (ou posturas de vida, como queiram) não estão patenteados e licenciados apenas ao uso dos religiosos filiados às organizações eclesiásticas ou correntes espiritualistas. Afirmo ser bom tal cenário, porque, sinceramente, acredito que os religiosos, no perfil que se apresentam hoje, não têm capacidade de administrar sentimentos tão genuinamente humanos. Pois todos os religiosos e espiritualistas correm o risco de desumanizar-se, afastar-se da condição humana na mesma proporção em que se aproximam cegamente das “coisas” da religião. Para falar, então, das “coisas” dos homens é necessário ter o coração de homem; sentir, rir, chorar, cair, levantar, desiludir-se, encantar-se, lutar, resisitir, desistir, correr, descansar. E tudo isso é, também, espiritualidade!
Apezar das críticas aos Jogos Olímpicos em seu modelo capitalista moderno, acredito que eles ainda são um bom exemplo das potencialidades humanas, daquilo que podemos produzir juntos, dos limites físicos e ideológicos que podemos superar, além de uma excelente oportunidade para celebrar valores como persisitência, disciplina, cooperação e esperança. O esporte, tanto na prática do baba do campo da Viúva no Bonoco, quanto as competições milionárias nos estádios internacionais, tem o poder de superar as diferenças religiosas e sociais, transformando todos em torcedores.
Não sei se nosso Mestre Jesus foi artileiro do campeonato Palestino, se bateu recordes no nado costas no Mar da Galiléia ou se venceu o Gran Prix da Formúla 1 em Jeruzalém. Mas sobre algo tenho certeza a respeito do meu Senhor: ele foi homem como eu (João 1.14)! Sua espiritualidade não era escrava da religião-vazia-de-amor praticada em seu tempo, nem maquiada por práticas espiritualistas de meditação e auto-ajuda, egoístas e alienadas ao problemas de quem está a sua volta. É nas aves do céu, nas flores do campo, no sorriso das crianças, no acolhimento afetuoso, no arrependimento sincero, nas dores da própria existência, na dignidade restaurada, no perdão genrosamente oferecido a todos e todas que está a espiritualidade do Filho do Deus.
Aos que praticam esportes e a nós, os sedentários, fica o convite: sejamos verdadeirmante espirituais, como espiritual é o nosso Senhor.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Filhos queridos de um Pai de Amor

Afirmo, sem medo de errar ou exagerar, que de todas as imagens com as quais Deus se revela e se relaciona com os homens, a figura de Pai é a mais adequada. E é claro que reconheço e respeito as dificuldades psicológicas que algumas pessoas experimentam no relacionamento com seus pais. São histórias de abandono, abuso sexual, indiferença, educação rígida, agressão física e algumas outras mais ou menos graves que estas. Mas, apesar dessa triste realidade, Deus é o nosso Pai de Amor. Assim, parece bastante adequado, ao convidá-lo para uma conversa, chamá-lo de Pai, Papai, Paizinho, Painho, Abba. Usei a expressão “convidar para uma conversa”, porque agora a relação é entre pai e filho, não entre divindade e fiel. Este não convida a divindade para conversar, apenas, no máximo, a invoca em uma prece. O nosso Pai de Amor gosta de conversar, de relacionar-se com seus filhos e filhas.
O parâmetro dessa relação paternal de amor encarnou-se, tomou forma, em Jesus Cristo, o Filho unigênito e querido do Pai Eterno. Quando Jesus foi batizado no Jordão uma voz do céu disse: “Este é o meu Filho amado em quem tenho muito prazer” (Mateus 3.17). A alegria do Pai foi fruto da obediência do Filho que se doou na cruz. Já no episódio chamado de transfiguração, ao serem envolvidos por uma nuvem resplandecente, Jesus, Pedro, Tiago e João ouviram a mesma frase, mas desta vez com um interessante acréscimo: “Este é o meu filho amado em quem me alegro. Escutai-o” (Mateus 17.5).
Ouvir, seguir, obedecer a Jesus do mesmo modo como ele obedeceu ao Pai, parece ser isto o que o Senhor espera de nós que, agora, pela graça da cruz, somos também seus filhos.
Acredito que neste Dia dos Pais, o Pai de Amor, ao olhar para os pais, mães, filhos e filhas da Sotero, diz: “Estes são meus filhos e filhas, nos quais eu tenho muito prazer”. E isso independe das dificuldades do relacionamento com seu pai ou dos pecados que você cometeu. Aproveite, então, este dia para entender e aceitar de uma vez que você é filho(a) de Deus e nada pode mudar isso.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

DE VOLTA AO MUNDO DA LUA!

No seriado Mundo da Lua, exibido na TV nos anos 90, o garoto com muita imaginação Lucas Silva e Silva vive aventuras fantásticas em seu “mundo alternativo”, onde tudo é perfeitamente do jeito que ele gostaria que sempre fosse. Na verdade, apesar da desilusão final em cada episódio da série, o doce mundo da Lua de Lucas é uma sutil fuga. E como são incríveis as histórias imaginadas pelo garoto!
Mas, confessemos: quem nunca imaginou uma outra vida para si mesmo? Quem nunca desejou fugir da vida real, pelo menos uma vez? E quantos, depois da fuga para o “mundo perfeito”, desiludidos, dariam tudo para voltar à vida real e imperfeita de todos os dias?
Parece que, lá no fundo de nós mesmos, onde as vozes são mais distintas, sabemos que o que realmente buscamos não são as ilusões. Apenas desejamos que nossa vida real e cotidiana seja melhor e feliz a cada dia.
Assim, suspeito que não haja problemas em sonhar, imaginar e fugir, desde que reconheçamos a força da necessidade de voltar e viver a vida como ela é.
“Para onde me irei do teu espírito ou para onde fugirei da tua face?” (Salmos 139.7) Foi a instigante interrogação do salmista. E numa boa conversa com o Mestre, Pedro declarou: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6.68).
Somos naturalmente insatisfeitos com a vida, fugimos sempre dela, seja por covardia, seja por medo da dor. Mas a garantia de uma vida verdadeira e feliz está em voltar para a vida, assumi-la, rindo e chorando quando necessário for. E se for possível chamar nosso Deus de Vida, me arrisco a afirmar que também pleiteamos inusitadas fugas de Deus. Rejeitamos a soberania da sua vontade sobre a nossa, evitamos buscá-lo em níveis mais reais de intimidade e construímos com ele um relacionamento baseado em cobranças (somos filhos do Rei, por isso tomamos posse do que é nosso!) e acusações (porque Deus permite a dor e o sofrimento, ele deve ser o culpado!), enquanto narramos aventuras espirituais com o Senhor que, na verdade, não passam de ilusões contadas por um menino no gravador que ganhou de seu avô.
Será que hoje não seria um bom momento para você para de fugir da vida que há em Deus e encará-la de frente com fé e esperança? Pense nisso.

sábado, 18 de julho de 2009

NO MUNDO DA LUA!

Aqueles que, como eu, viveram parte da infância e a adolescência nos anos 90 devem se lembrar de um seriado de TV chamado “Mundo da Lua”, protagonizado pelo garoto Lucas Silva e Silva, que vive numa família tipicamente brasileira e recebe do avô Orlando um gravador onde registra todas as suas aventuras no seu, bem particular, mundo da Lua.
Não foi por acaso que me lembrei desse seriado. Acho que sofri um “estímulo memorial” depois que li a seguinte notícia na internet: Os 40 anos da chegada do homem à Lua. Foi em 16 de Julho de 1969 que o astronauta norte-americano Neil Armstrong, pisou em solo lunar. Assim, (apesar das desconfianças da veracidade do fato) o mundo lembrou e comemorou nesta quinta-feira os 40 anos da chegada do homem à Lua.
Parece que os homens, e as mulheres, gostam mesmo é do mundo da Lua! E o fascínio do “Luminar Menor” encanta os casais apaixonados, influencia as marés do imenso mar, orienta as plantações e colheitas e até inspira contos fantásticos como o do Lobisomem.
O astronauta e o Lucas Silva e Silva têm algo em comum: ambos estão no mundo da Lua. Para o primeiro, chegar à Lua é transpor limites, alargar fronteiras, marcar território, enfim, ostentar poder. Não descredibilizo os esforços científicos e as boas intenções dos cientistas com o envio do homem à Lua, apenas suspeito que existam outros interesses capitalistas e de dominação latentes à imagem da bandeira norte-americana ficada no solo da Lua. E é incrível como sempre há verbas financeiras quando o investimento é em ostentação e dominação. Foram bilhões para se chegar à Lua e outros milhões para invadir o Iraque. Mas ainda há crianças morrendo de fome nas ruas do mundo todo.
No segundo caso, o mundo da Lua é um refúgio, o lugar seguro para onde o Lucas viaja sempre que a vida não é como ele gostaria que fosse. As histórias imaginadas pelo garoto sempre são as “outras histórias”, porque existe uma história real da vida real de um garoto real numa família problematicamente real. Viajar para o mundo perfeito da Lua é, na verdade, fugir da realidade dura da vida nossa de cada dia.
Começo a achar que de astronautas e Lucas todos nós temos um pouco. Também investimos nossos recursos, sejam os financeiros ou não, em projetos que só têm sentido dentro de nossa ambição desmedida, capaz de atropelar cegamente nossos companheiros de jornada. Talvez seja interessante lembrar as orientações bíblicas sobre o uso do dinheiro com aquilo que não é pão (Isaías 55.2) e sobre o desejo mortal de ganhar o mundo mesmo perdendo a própria alma (Mateus 12.13-21).
Sobre o Lucas Silva e Silva e a nossa insistente fuga para o mundo da Lua, falaremos na próxima semana.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

BEM VINDO A NEVERLAND!

Sem medo de cometer exagero, podemos afirmar que o mundo inteiro comenta a morte de Michael Jackson, ocorrida em 25 de Junho. Indiscutivelmente, há, no mínimo, uma geração inteira influenciada pelo excêntrico astro pop, seja pela originalidade no estilo musical e dançante, seja pelo modo de vida adotado por ele, marcado pela solidão da fortuna faraônica. Uma considerável materialização da extravagância de Michael Jackson é o Rancho Neverland, em Los Angeles, nos EUA. Em português Neverland é Terra do Nunca (Peter Pan, de J. M. Barrie, 1906), lugar para onde vão as crianças perdidas, cheio de aventuras com piratas, crocodilos gigantes e fadas. Na Terra do Nunca também mora o Peter Pan, uma criança que não quer crescer. Talvez o Michael, aos 50 anos de idade e depois de alcançar o mundo, só desejasse o que muitos de nós queremos: a eternidade da infância. Porque é neste período ínfimo da vida que experimentamos a liberdade que o mundo adulto logo rouba de nós. Temos todos saudade da infância. Se ela foi dura e difícil, marcada por traumas e abusos, sentiremos saudade de como nossa infância poderia ter sido diferente (é, sim, possível sentir saudade do que não foi!). Se ela foi vivida na liberdade dos campos ou dos playgrounds, subindo nas mangueiras ou passeando no zoológico, colecionando bolinhas de gude ou cascões de ferida dos joelhos sempre ralados, recorreremos a essas lembranças quando a dor de ser adulto for grande demais. Acho que cabem aqui as palavras de Cassimiro de Abreu em seu poema “Meus oito anos”: Oh! Que saudade que tenho / Da aurora da minha vida / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais!
Sinceramente, respeito a declaração de Davi: “fui moço e agora sou velho...” (Salmos 37.25) e a recomendação de Paulo: “... acabei com as coisas de menino” (1Coriíntios 13.11). Mas não posso ignorar a profecia de Isaías: “A criancinha brincará perto do esconderijo da cobra” (Isaías 11.8); e a descon-certante revelação de Jesus: “das crianças é o Reino dos Céus (Mateus 19.14).
Michael Jackson tentou, mas entendeu tudo errado! A eternidade da infância que os anos não trazem mais, nunca mais, só é possível quando nascemos de novo, através da confissão dos nossos pecados e aceitando a Jesus como nosso Salvador. Vivendo essa nova vida em Cristo, podemos re-escrever não só nossa infância, mas toda nossa história, por mais triste que ela tenha sido. E, por fim, ganharemos a eternidade, não em Neverland, mas no céu com Deus.

VAMOS CONVERSAR?

Conversar é sempre bom! Uma conversa é momento mágico, metafísico, é instante de graça (para usar uma palavra mais nossa!). Num diálogo desarmado entre iguais, cada um fala de si (ou dos outros) e ouve, na mesma medida, de si (ou dos outros). É nessa troca que a magia acontece. Chamo de mágico, não por ser ilusório, mas por ser encantador, forte e sedutor. O mágico, gracioso, que nasce numa conversa é o conhecer-se mutuamente. Como é possível que, pela troca de palavras, olhares ou gestos, consigamos ter acesso ao outro e este acesso a nós? Não sei a resposta, mas sei (e sinto) que é assim.
Algo tão singular só poderia ser de Deus! É verdade, Deus gosta de conversar! Fez isso com Adão em Éden (Gênesis 3.8-10); Abraão em Sodoma (Gênesis 18.22-33); Moisés no Horebe (Êxodo 3); Jó no limite da dor (Jó 42.1-6); Isaías com a crítica ao culto de Jerusalém (Isaías 1.18); Jesus (sendo ele próprio a Palavra, a “Conversa” encarnada); Paulo a caminho de Damasco (Atos 9.3-6).
Mas uma conversa só é mágica, instante de graça, quando as partes que dialogam passam a conhecer-se, reconhecendo até a voz do outro. Sem esse reconhecimento as vozes dos meus semelhantes se tornam barulho incômodo e, por vezes, insuportável, deixando um fosso propício à indiferença, agressividade e violência.
O menino Samuel, quando da primeira vez em que Deus falou com ele convidando-o para uma conversa, não reconheceu sua voz, chegou a confundi-la com a voz de Eli. Mas Deus, como bom de prosa que é, não desistiu e insistiu em chamar Samuel para prosear (veja 1Samuel 3).
Após a ajuda experiente de Eli, Samuel identifica a voz, que já não é mais estranha, não assusta. E a resposta é simples e própria de quem está disposto a iniciar uma boa conversa: “Eis-me aqui”, estou aqui, pronto a te ouvir.
Privilégio grande o nosso de sermos uma Igreja que gosta de conversar e que acredita na forma desse momento de diálogo. Quer seja numa Convers[a]fiada ou numa Semana Jovem, respondamos sempre a Deus e aos nossos semelhan-tes: Estou aqui, pode falar, abrir o coração, rir, chorar, ou mesmo se calar.

E AGORA, JOSÉ?

Carlos Drummond de Andrade, inicia o poema “José” com as seguintes freses:
E agora, José? / A festa acabou, / a luz apagou, / o povo sumiu,
a noite esfriou, / e agora, José? / e agora, você?
Neste mês de Junho, temos vivido dias de festa comemorando nosso terceiro aniversário. Tivemos as conferências, o Conjunto Nazireu, o Junta Panela, o Dia de Oração e uma festa com direito a bolo, vela e chapeuzinho! Momentos felizes que acompanharão nossa história e já deixaram muita saudade, porque a vivência de bons momentos na companhia de pessoas que gostamos ajudam a fazer nossa vida ter mais graça.
Mas a festa um dia acaba. E tem que acabar! Esse é o paradoxo que faz a vida continuar. Porque, do contrário, nos acostumaríamos com a festa, com a euforia, e correríamos o risco de achar que a vida sempre será assim (e na verdade talvez deveria mesmo ser...). Mas a festa termina para nos lembrar que precisamos continuar caminhando. Na caminhada encontramos lutas, ao lutarmos, às vezes vencemos, e vencendo, ou perdendo, temos motivos para nos alegrar, celebrar, convidar pessoas, comprar bolos e refrigerantes e fazer uma nova festa, que um dia acabará novamente.
Hoje, quando a festa passou, nos fazemos a pergunta de Drummond: “e agora, José?” E agora, batistas soteropolitanos, o que aprendemos com a festa? Estamos prontos para os dias sem festa, com lágrimas e dor? Acreditamos que apesar das longas noites de choro, nossa alegria reflorescerá com a força de cada nova manhã? Consolamos o coração com a esperança da volta do nosso Senhor que enxugará de nossos olhos toda lágrima?
Que o Senhor nos encontre em festa mesmo quando a luz se apagar, o povo sumir e a noite esfriar.

SOMOS TODOS NAZIREUS

Existem alguns rituais praticados pelos judeus do tempo bíblico que soam estranho para nós cristãos de um século tão miscigenado. Um exemplo desses rituais é o nazireado, quando se faz o voto de nazireu, como aconteceu com Sansão (Juízes 13.1-7) e Samuel (1Samuel 1.11). É em Números 6:1-21, onde se registra todo o procedimento para o nazireu, que se destaca o que lhe seria proibido: 1) não passa navalha em sua cabeça (v. 5), porque deve ser submisso a Deus; 2) não ingere bebidas fortes (v. 3), porque deve manter-se sóbrio; e 3) não toca em cadáveres (v. 6), porque não pode contaminar-se. E foi seguindo esse parâmetro de santificação que viveram Sansão, Samuel e muitos outros no Antigo Israel.
Santificação no Antigo Testamento, envolve assepsia, limpeza conseguida com o distanciamento daquilo que se julga impuro, sujo ou contaminável, como os leprosos, as mulheres em período de menstruação ou pós-parto e os corpos mortos. Afastar-se dessas “coisas” impuras é uma exigência aos que pleiteiam uma vida santa e mais próxima do Santo Deus. Um problema grave é que não se conseguia separar as pessoas dos seus estados impuros; afastar-se da impureza também era afastar-se de pessoas, excluindo-as da possibilidade de serem amadas, acolhidas, consoladas e até curadas de sua enfermidade.
Tal concepção de santificação também está presente no imaginário judaico do Novo Testamento. É nesse contexto que Jesus vive e anuncia o Reino de Deus. Jesus também é santo, consagrado, separado do pecado (João 8.46), mas não das pessoas. Sua santidade não o impede de tocá-las, conhecer suas histórias, saber de seus anseios, curar seus corpos, saciar sua fome e sede, perdoar seus pecados e dispensar a todos salvação. No Reino de Deus isso é santificação. Nos purificamos do pecado, repudiamos a maldade, denunciamos a desigualdade, mas acolhemos as pessoas seja qual for sua condição: homens ou mulheres, crianças ou idosos, pobres ou ricos, sadios ou enfermos, tocaremos em todos, sarando suas feridas e tornando-os santos pela força do amor de Jesus que um dia também nos tocou e nos santificou.
Que hoje, celebrando nosso terceiro aniversário e inspirados pelo Conjunto Nazireu, o Espírito Santo nos torne puros para tocarmos os impuros, assim como Jesus fez e ainda faz através de sua Igreja.
Feliz aniversário “Santa-Sotero”!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

MARCAS DA IGREJA DE CRISTO

“Perto da cruz de Jesus estavam sua mãe [e outras mulheres]. Quando Jesus viu sua mãe ali e, perto dela, o discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe:
‘Aí está o teu filho’, e ao discípulo ‘Aí está a tua mãe’.
Daquela hora em diante o discípulo a recebeu em sua casa.”
(João 19.25-27)

Talvez este não seja o texto mais adequado para se refletir sobre família. A imagem cruel e violenta de nosso Senhor morrendo numa cruz parece não deixar espaço para outro sentimento que não dor e tristeza. Mas a vida já nos provou que de grandes tristezas geralmente surgem ensinamentos preciosos.
Do alto da cruz, lugar onde manifesta sua glória, Jesus deixa explicitas as marcas que acompanhariam sua Igreja. O estranho é que estas marcas não se identificam com as características eclesiásticas que tanto valorizamos em nosso século contaminado pelo consumismo e pelas estratégias de marketing, como acontece com as instituições. A Igreja de Cristo, contemplada por ele ao pé da cruz, na verdade é uma família. Suas marcas, suas características, não são as empresariais, expansionistas e triunfalistas, mas sim as familiares. E as marcas de uma família de verdade são afeto, partilha e acolhimento.
Para o Quarto Evangelho, Maria e o Discípulo Amado, envolvidos pela mesma dor, devem acolher-se mutuamente, numa relação sinceramente afetuosa, descomprometida, sem intenção de lucrar algo, apenas pelo prazer da partilha. Porque é pela partilha afetuosa que a dor diminui e a conseguimos suportar.
Uma família sem afeto, partilha e acolhimento não é família.
Uma igreja sem afeto, partilha e acolhimento não é igreja.
Neste mês da família, convido você a contemplar o Discípulo Amado, que propositalmente, no Evangelho de João, não tem nome, e agir como ele, acolhendo ao que sofre, mesmo quando a sua dor também for profunda, pois há pessoas bem próximas a você, na sua família talvez, esperando seu afeto. Então, obedeça a Jesus e acolha a essas em sua casa, em seu coração, porque foi isso que Jesus fez com você.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

PRIVILÉGIO DE POUCOS, COMPROMISSO DE TODOS

Até pouco tempo, acreditava que, dentro do meu circulo de amizades, apenas eu fazia aniversário no dia 10 de Maio. Mas, um dia, conheci o Mário, esposo da Margarida, depois conheci a Cristiane, esposa do Tiago, e, ano passado, conheci o Fábio, esposo da Mari, todos nascidos também no dia 10 de Maio, que, neste ano, coincidentemente, é o segundo domingo de Maio, o Dia das Mães.
Privilégio de poucos celebrarem a vida no mesmo dia em que celebram a vida de quem lhes deu a vida. Um privilégio, mas também uma responsabilidade, porque nos comprometemos com aquilo que celebramos. Comemorar aniversário, celebrar a vida, é atitude de quem se compromete com a vida, de quem conhece seu valor, apesar de nem sempre ela ser como gostaríamos que fosse. Comemorar o dia das mães, celebrar a existência desse ser divino, é atitude de quem assume o compromisso de amar, cuidar e respeitar aquela que lhe deu a vida. E isso vai muito além de presentes de shoppings e frases poéticas. Esse compromisso com a vida não pode ser mensurado pelo poder de compra dos filhos-consumidores. Suspeito sinceramente, que o compromisso com a vida e com as mães (para desespero dos comerciantes!) está naquilo que não tem valor, porque não tem preço: as expressões de afeto, manifestas na doação mútua de um abraço apertado, de um beijo fraterno, de um sorriso verdadeiro.
Talvez o que a vida e as mães esperem de nós, filhos e filhas, hoje, seja apenas o compromisso de amá-las, cuidá-las e respeitá-las. Então, aproveite este dia 10 de Maio para demonstrar todo seu afeto por sua mãe e pela vida que o Senhor te deu através dela, mas também não se esqueça de dar um abraço bem apertado em mim, no Mário, na Cristiane e no Fábio.

quarta-feira, 4 de março de 2009

MEU PEQUENO PRÍNCIPE!

Alguém bem intencionado, mas mal informado, me disse certa ocasião que O Pequeno Príncipe era um livro para crianças. Li, pelo menos duas vezes, esse clássico escrito em 1943 por Antoine de Saint-Exupéry, assisti repetidas vezes o desenho animado e um filme baseados no livro e ainda desejo relê-lo e me encantar novamente com a linda história de um piloto de avião que aterrissa no deserto do Saara e lá encontra um pequeno menino em busca de um carneiro, contando várias histórias incríveis de suas viagens por diversos planetas... Se quiser saber mais, leia o livro!
Nos diálogos com o Príncipe do asteróide B-612, aprende-se sobre a vida e sua simplicidade pelo olhar simples e descomplicado de uma criança. Por isso, insisto em dizer que é um livro para adultos, para que re-aprendamos a ver a vida como as crianças vêem.
Mas, ao falar de vida, há um outro livro ainda mais importante: a Bíblia. Ela também conta a história de um pequeno Príncipe, filho do dono de todos os reinos da Terra. O profeta logo alarida seu nascimento e declara que seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz e que seu reinado jamais terá fim (Isaías 9.6,7), desde o seu nascimento em Belém testemunhado por uma estrela especial e um coro celestial de anjos. O bebê de Belém cresceu e tornou-se homem, adulto, mas com o coração e os olhos puros como de uma criança. Porque só adultos-crianças desafiam autoridades hipócritas, tocam os impuros, acolhem outras crianças, aprendem com grãos de mostarda, arados, pássaros e flores do campo, conversam com mulheres e pecadores, andam com os sem prestígio e confiam em tudo que o Pai diz, mesmo quando as palavras são dor, sofrimento, solidão, cruz e morte.
Jesus Cristo, esse é o nome do nosso Príncipe da Paz. E sua casa não é um asteróide distante no universo, mas o coração de quem aceita o seu Reino, confessa seus pecados e cumpre a vontade de Deus.
Talvez este tempo de Natal, quando lembramos do Jesus Menino, seja um bom momento para aprender olhar a vida sob o brilho da estrela que aponta o lugar onde nasce a verdadeira vida: uma manjedoura simples com uma criança simples – porque a vida com Jesus é assim, simples!

Eu sei o sentido do Natal

É realmente inevitável reconhecer que o Natal já chegou. Está nas vitrines das lojas, nas praças dos shoppings, nas luzes coloridas, no frenesi de consumidores e comerciantes ansiosos por um presente especial ou por mais vendas no mês que encerra o ano. Tudo isso sinaliza que o Natal já chegou. Disso não podemos duvidar. Mas uma pergunta ainda podemos fazer: qual foi o Natal que chegou?
Sinceramente, tenho nada contra estes festejos de fim de ano. Afinal de contas, aquece-se a economia, torna-se mais bela a cidade com as milhares de luzes coloridas e percebe-se facilmente que, pelo menos nesta época, as pessoas são mais pessoas, humanas, solidárias, conseguem celebrar laços de família.
A pergunta sobre qual o Natal que já chegou é a pergunta sobre o verdadeiro sentido da festa. O Natal é uma festa para comemorar o aniversário do Filho de Deus, Jesus de Nazaré, que há mais dois mil anos nasceu bebezinho em Belém. Esse bebê cresceu e quando tornou-se adulto responsável pelos seus atos iniciou seu ministério entre os homens e mulheres de boa vontade, aqueles que amaram mais a luz do que as trevas. Ensinou sobre o amor, a simplicidade, a paz e o perdão, mas também pregou sobre a morte, a dor e o sofrimento, porque sempre falava de vida e a vida é tudo isso. Mas sua mensagem não agradou a todos, especialmente aos poderosos da religião e do governo. Tentaram matá-lo várias vezes e numa dessas tentativas, Jesus se permitiu apanhar. Foi acusado falsamente, espancado violentamente e morto numa cruz. Depois de três dias, porém, ele voltou à vida, ressuscitou e encheu de esperança mais uma vez o coração de quem descobriu pelas suas palavras a razão de viver. E o Filho de Deus fez tudo isso porque nos ama muito (leia João 3.16).
Será que agora conseguimos entender (ou lembrar!) o verdadeiro sentido do Natal? Será que agora já percebemos que o verdadeiro Natal já chegou para nós naquele dia em que entendemos e aceitamos no coração a linda história de amor que acabamos de contar?
Eu sei o sentido do Natal. E você, sabe?

LIÇÕES DE UMA TRISTE CANÇÃO...

Chuvas deixam 109 mortos, 19 desaparecidos e mais de 78 mil desabrigados em Santa Catarina*. Este é o saldo da tragédia anunciado pelos jornais até ontem. E agora, diante de cenário tão desolador, somos, mais uma vez, impelidos a atestar a razão da nossa esperança. Como falar de esperança para quem perdeu tudo, inclusive tudo aquilo que não pode ser comprado ou reconstruído, como a vida de um filho?
Talvez o Dia do Ministro de Música, comemorado hoje nas igrejas batistas, nos ajude a encontrar uma resposta. Que tal pensar na vida como uma canção? E as canções podem ser alegres ou tristes, com melodias, tons e ritmos diferentes, mas todos harmonizados em torno do mesmo fim: tocar o coração, tanto de quem executa ou interpreta, quanto de quem ouve.
E a vida é canção. Ora radiante e forte, ora deprimente e angustiante.
Nestes últimos dias, temos ouvido canções de lamento e dor que ecoam desde o sul do nosso país, chegando a nós aqui no nordeste. E com essa triste canção aprendemos algumas lições: 1) Há tempo para rir e tempo para chorar. Choremos, então, a dor nos nossos irmãos catarinenses. 2) Exemplos de solidariedade, de humanidade podem vim de onde menos se espera. Não importando as reais intenções de ganho nos índices do IBOPE, a mídia apoiou, as pessoas se mobilizaram, as instituições de natureza mais diversa se articularam para que dinheiro, roupas, comida e água chegassem aos desabrigados no sul. São os “filhos das trevas” sendo, mais uma vez, mais prudentes (e humanos) que os “filhos da luz”! 3) E são esses generosos sinais de genuína solidariedade que nos fazem acreditar nas palavras da Razão da nossa Esperança, Jesus: “o Reino de Deus é chegado a vós” (Lucas 10.9). E nestes dias, mesmo em meio a tantas lágrimas, pudemos ver o Reino florescer, fazendo brotar no coração das pessoas sentimentos de amor, justiça e paz.

*Fonte: Folha de São Paulo

COMPROMISSOS ESQUECIDOS?!?

Definitivamente esse mal nos afeta a todos, homens (principalmente) e mulheres: nos esquecemos das promessas que fazemos. Prometemos amar alguém e estar junto na doença ou saúde, riqueza ou pobreza, mas os anos passam e nos esquecemos das juras de amor. Prometemos no dia em que nos batizamos cumprir e viver o Pacto das Igrejas Batistas, porque, a partir daquele dia, nossas vidas deveriam ser expressão do compromisso que um dia assumimos com Cristo e sua Igreja, mas os dias passaram e hoje as palavras caíram no vazio das nossas fracas lembranças.
Contudo, há salvação para os desmemoriados. Basta “trazer à memória aquilo que nos traz esperança” (Lamentações 3.21). Sendo assim, transcrevi o Pacto das Igrejas Batistas, aquele que você e eu lemos no dia do nosso batismo, com a esperança sincera de que ao relê-lo possamos reassumir o nosso compromisso com Jesus e sua Igreja.

“Tendo sido levados pelo Espírito de Deus a aceitar o Senhor Jesus Cristo como nosso único e suficiente Salvador, e tendo sido batizados, sob profissão de fé, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, decidimo-nos unânimes, como um corpo em Cristo, firmar solene e alegremente, na presença de Deus e desta congregação, o seguinte Pacto:
Comprometemo-nos a, auxiliados pelo Espírito Santo, andar sempre unidos no amor cristão; trabalhar para que esta igreja cresça no conhecimento da Palavra, na santidade, no conforto mútuo e na espiritualidade; manter os seus cultos, suas doutrinas, suas ordenanças e sua disciplina; contribuir liberalmente para o sustento do ministério, para as despesas da igreja, para o auxílio aos pobres e para a propagação do evangelho em todas as nações. Comprometemo-nos também a manter uma devoção particular, a evitar e condenar todos os vícios, a educar religiosamente os nossos filhos, a procurar a salvação de todo o mundo, a começar de nossos parentes, amigos e conhecidos; a ser corretos em nossas transações, fiéis em nossos compromissos e exemplares em nossa conduta; a ser diligentes em nossos trabalhos seculares, evitar a detração, a difamação e a ira, sempre e em tudo visando à expansão do reino do nosso Salvador.
Além disso, comprometemo-nos a ter cuidado uns dos outros; a lembrar-nos uns dos outros nas orações; ajudar-nos mutuamente nas enfermidades e necessidades; cultivar relações francas e a delicadeza no trato; estar prontos a perdoar as ofensas, buscando, quanto possível, a paz com todos os homens.
Finalmente, comprometemo-nos a, quando sairmos desta localidade para outra, unir-nos a uma outra igreja da mesma fé e ordem, em que possamos observar os princípios da Palavra de Deus e o espírito deste Pacto.
O Senhor nos abençoe e proteja para que sejamos fiéis e sinceros até a morte.”

MAIS QUE PALAVRAS...

A cena é inusitada. São os discípulos de Jesus, homens e mulheres acostumados ao cotidiano da vida religiosa judaica que pedem a Jesus que os ensine a orar. Será que pessoas tão voltadas em seu dia-a-dia para a religião não sabiam falar com Deus? Parece que o problema não era com as palavras, mas com a vivência das palavras.
E Jesus, em sua paciência de Mestre, ensina aos discípulos a orar assim: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje. Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal. Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém!” (Mateus 6.9-11)
Não obstante as nossas Bíblias chamarem estes versos de Oração Modelo, não acredito que Jesus tenha ensinado um padrão de oração que deveria ser repetido por todos que ousassem uma audiência com o Pai. Ao contrário, Jesus ensina um estilo de vida que deveria ser experimentado por todos que buscam a Deus com um coração quebrantado.
A oração do Pai Nosso não foi apenas proferida, mas radicalmente vivida por Jesus até sua morte na cruz. Porque é só assim que as palavras ganham poder em nossa vida: quando se traduzem em ações. Orar o Pai Nosso é sentir-se irmão do outro que caminha conosco em santidade; é aceitar a força do Reino de Deus sobre a nossa vontade egoísta; é dividir o pão, os bens e a vida com aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades que nós; é perdoar as palavras, ações e omissões contra nós cometidas com a mesma sinceridade com a qual Deus perdoa os erros que cometemos contra ele; é entender que o poder, a honra e glória não estão nos líderes, nas Igrejas ou nas estruturas religiosas, mas somente em Deus, porque ele não as divide com ninguém.
Aproveite nosso “junta panela” de hoje, para orar/viver o Pai Nosso junto com os teus irmãos e irmãs.

Mais alguns sinais de esperança

O célebre personagem Jó, homem conhecedor da angústia pelo sofrimento imerecido, dentre as várias lições que nos ensina, também fala de esperança. Jó acreditava que até para a árvore arrancada da terra e jogada ao pó há esperança de renascença, basta que o cheiro de águas a toque. Mas isso, segundo o sofredor, vale para a árvore, não para nós humanos finitos e mortais. Se a vida se for de nossos corpos, a esperança de recomeçar a acompanha (veja Jó 14). Contudo, o que parece um pessimismo-religioso de Jó, pode ser entendido, na verdade, como uma postura otimista e confiante na vida, própria de quem já chegou ao limite da dor, mas nunca desistiu de viver. Porque a vida, mesmo dura e difícil, é também generosa ao encher nosso coração de esperança com os sinais que acompanham nossa caminhada neste mundo. Pense sobre alguns desses sinais dados pelo Pai da Vida para nós da família soteropolitana.

O casamento de Gil e Mércia, na noite de ontem, nos fez re-pensar os valores dos laços de família, especialmente os conjugais. Numa sociedade com quase total ausência de referências familiares, minada pelo relaxamento dos compromissos de fidelidade e de descaso pela transmissão de caráter firme aos filhos, é motivo de muita alegria perceber que a Igreja de Cristo ainda ergue com orgulho e ousadia a bandeira de uma família que vive em fidelidade e amor. Desejamos que Gil e Mércia continuem a nos inspirar com o seu amor e que seus filhos, Yuri e Wendel, cresçam na graça desse amor que, com certeza, vem de Deus.

Os Batismos que realizaremos na próxima semana, mesmo ainda por vir, já aceleram nosso coração com a alegria de entregar a Jesus os frutos que plantamos e colhemos com esforço e muito amor. São vidas, homens e mulheres, transformados em novas criaturas pelo poder do Espírito Santo e dispostos a trabalhar para que o mesmo Evangelho que os alcançou também chegue ao coração de muitos outros. Desejamos que nossos novos irmãos e irmãs sejam sempre felizes no serviço do nosso Rei.

A primeira fase do vestibular da Universidade Federal (UFBA), que se realiza hoje e amanhã, é motivo de muita expectativa ente os concorrentes, em sua maioria jovens que mal deixaram a adolescência e já se vêem obrigados a escolher a profissão que exercerão para o resto da vida. Mas, mesmo a possibilidade, de cursar uma universidade pública, num tempo de tantas crises financeiras, é, sem dúvidas, uma bênção, especialmente aos que não dispõem de recursos próprios para custear seus estudos em faculdades particulares. Hoje, não peçamos a Deus que todos os candidatos sejam aprovados (pois a quantidade de vagas disponíveis limita nossa fé!), mas lutemos para que haja sempre o acesso justo e igual de todos aos bens essenciais à vida social, com educação, saúde, moradia e trabalho.

Sinais de esperança

Mesmo os mais otimistas reconhecem em suas reflexões que a vida é trágica, que coisas indesejadas acontecem conosco, nos entristecendo e abatendo e que em inúmeras situações da vida não há lugar para a esperança. Contudo, ainda os mais pessimistas terão de reconhecer que, em meio ao caos da vida fugindo sempre do controle de nossas mãos e desejos, há sinais na existência do universo da possibilidade de recomeçar, reconstruir. Por isso temos esperança; porque tudo sempre pode ser re-feito. Jesus disse: “Eu faço novas todas as coisas” (Apocalipse 21.5).

Nesta semana, a vida nos deu mais alguns de seus generosos sinais que alimentaram nossa esperança.

A nação mais influente do mundo (e de histórico racista) elegeu seu primeiro presidente negro e a nossa esperança política ganhou força. Em meio à crise econômica que afeta os de lá e nós aqui, reacendemos nossos sonhos de um mundo mais justo e igual. Desejamos que a esperança política que depositamos no Presidente Barack Obama se concretize e beneficie também a nós sul-americanos.

Isaac Viana Alencar Menezes, muito nome para um ser tão pequeno e frágil que veio ao mundo nesta semana. Depois de uma gravidez um tanto complicada, que deixou a todos apreensivos, Tia Lu dá à luz o Isaac. E agora, ao ver o semblante aliviado da mãe, saber da beleza e saúde da criança e sentir a força da amizade que abençoou a família, nossa esperança na força da vida se revigora mais uma vez, pois enquanto houver crianças nascendo teremos o direito de sonhar com um mundo melhor. Desejamos que Isaac cresça na graça do Deus de seus pais e, que através do seu riso, a alegria da salvação chegue a muitos corações entristecidos.

E, por fim, Deus nos sinalizou salvação para nosso país quando assistimos na quinta, sexta e sábado, junto a familiares, amigos e vizinhos, três programas abençoados, com mensagens simples e diretas que nos impactaram com o evangelho de amor e perdão. Mesmo cercados por toda sorte de depravação moral apoiada pelas redes de TV e ainda que marcados pela idolatria, violência e desigualdade que assolam nosso povo, foi através da TV que o amor de Deus atingiu o coração do brasileiro. Desejamos que os frutos deixados pelo Projeto Minha Esperança amadureçam e sejam colhidos pela Igreja de Cristo em todo país e que nossa nação, depois dessa colheita, experimente verdadeiramente o amor e a paz de Deus.

Não sei para onde os teus olhos estão direcionados, mas cuide sempre de perceber os sinais de esperança que a vida tem te dado. E lembre-se que “há esperança para o teu futuro, diz o Senhor” (Jeremias 31.17).