quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O AMOR NASCEU!

Os reis do oriente receberam a notícia: sigam a estrela e encontrarão o lugar onde o menino-Rei nasceu. Os pastores no campo foram maravilhosamente avisados: nasceu hoje o Salvador.
Desde aquela noite em Belém algo diferente pôde ser percebido no universo. Toda criação entrou num processo de reforma, está sendo refeita. Os homens e mulheres também podem, agora, nascer de novo, receberam uma segunda chance.
Deus cumpriu sua promessa. Nos fez perceber que sua fidelidade não foi alterada pelo nosso pecado. E nos constrangeu com sua forma de agir. Ninguém poderia imaginar, mesmo os mais inteirados de todas as profecias messiânicas, que seria daquela forma, naquele momento, naquele lugar, junto aquelas pessoas.
Esperavam um rei poderoso e forte, mas nos veio um frágil bebê, envolvido pelos braços de sua mãe. Parece estranho, mais naquela noite o Deus Eterno Todo Poderoso precisou da proteção de uma mulher!
Esperavam que a promessa se cumprisse nos lugares apropriados, como um palácio ou um templo. Mas no lugar do palácio, símbolo do luxo e da desigualdade diabólicos que separam os homens em classes sociais, Mateus sugere uma casa (2.11), porque no lar os papéis são desempenha-dos, o pão, a dor e a alegria são partilhados e todos se tornam iguais. No lugar de um templo, cheio de gente entendida de religião e doutrina e vazia de amor, Lucas prefere uma manjedoura (2.7), porque é pela simplicidade da vida que conhecemos e manifestamos a vontade do Pai.
Esperavam que o Messias prometido esmagaria os inimigos e devolveria o saudoso reinado de Israel ao povo judeu. Porém, o filho do carpinteiro, vindo de Nazaré (João 1.45,46), fala palavras estranhas sobre um Reino de justiça, amor e paz que viria para todos, inclusive samaritanos, gentios, romanos, gregos. Frustrou o sonho judeu de subjugar as nações. E ainda afirma que neste Reino os inimigos são perdoados, não aniquilados, mesmo que eles nos persigam ou causem nossa morte (Lucas 23.34).
E foi desse jeito estranho e inusitado que Jesus nasceu, como estranha e inusitada pode ser a nossa vida. Talvez isso nos ajude a acreditar que o amor de Deus pode nascer sempre no coração mais atribulado ou triste, mesmo quando este coração for o nosso.
A Sotero deseja que neste Natal o Amor nasça mais uma vez em sua vida!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ALGUMAS RAZÕES PELAS QUAIS VOTEI EM DILMA RUSSEFF (III)

Depois de apresentar as duas primeiras razões pelas quais votei em Dilma para presidente do Brasil, vamos a terceira e última justificativa para meu voto.

3ª. Reconheço a importância de inteligência estratégica na política e na vida.

Inteligência pode ser definida como a faculdade de compreender, aprender ou adaptar-se facilmente e, por isso, está relacionada ao intelecto, ao raciocínio, ou seja, ao uso da razão. E estratégia se define como a arte de aplicar os meios e recursos disponíveis para alcançar um objetivo específico. Dessa forma, uma inteligência estratégica seria a habilidade em aplicar os conhecimentos aprendidos na execução de uma tarefa através de um planejamento adequado para aquele momento. Numa fórmula simples, inteligência estratégica é o resultado da seguinte soma: conhecimento + percepção + planejamento + ação + resultados + avaliação.
Considere comigo alguns aspectos da atual conjuntura política nacional: O Presidente Lula há oito anos governando o Brasil e com aprovação de 83% (Datafolha em 26/10/2010); 14 Senadores, incluindo os dois representantes da Bahia, os PTistas Lídice e Pinheiro; 88 Deputados Federais; 05 governadores governistas eleitos; e o Governador do nosso Estado que permanece Jacques Vagner com 63,83% dos votos baianos.
Com tal cenário político e lembrando das razões apresentadas nas semanas anteriores, não me pareceu estratégico votar, neste momento, em outro partido para presidir um país que, em sua maioria, optou pela Esquerda. Nestas eleições coube a fórmula: conhecimento da história de um Brasil que cresceu + percepção da realidade sócio-econômica que nos afeta aqui no Nordeste + planejamento articulado entre as instâncias do poder público, interagindo com seguimentos da sociedade + ação de ir à urna e votar consciente + resultados que fortalecem a democracia e a esperança do povo + avaliação crítica dos projetos do Governo.
Mas também na Bíblia Sagrada encontramos exemplos de inteligência estratégica. Jetro quando aconselha Moisés a distribuir o peso de cuidar do povo de Deus (Êxodo 18.17-23); Josué quando envia espiões para conhecer a cidade que seria atacada (Josué 2); Ester quando se torna rainha e, avisada por Mordequeu da conspiração contra os judeus, salva seu povo (Ester 4 e 5); Paulo quando usa sua dupla cidadania para exigir seus direitos (Atos 22.25-29) e quando utiliza o altar ao deus desconhecido para anunciar o Evangelho (Atos 17.22-34); e o Senhor Jesus quando revela a eternidade usando a água e a sede de uma mulher junto a poço (João 4.1-42).
Mas também na vida nossa de cada dia nos deparamos com a necessidade de mais inteligência para compreende-la e mais estratégia para suporta-la.
Mas também na Igreja, lugar onde aprendemos a amar a Deus e ao nosso irmão, constatamos a carência da fórmula da inteligência estratégica: conhecer a vontade de Deus revela pela sua Palavra + perceber as dores e alegrias de quem nos se senta ao nosso lado a cada domingo + planejar a Sotero onde nossos filhos crescerão + agir de acordo o planejado, com alegria e entusiasmo, sempre respeitando a orientação dada pelos líderes + colher os resultados maiores que números e estatísticas, que são os relacionamentos transformados pelo amor de Jesus + avaliar com transparência, coragem e humildade tudo o que é feito, assumindo a responsabilidade pelos erros e pelos acertos.
Na verdade, o voto que confiei à Dilma Russeff foi estratégico, porque entendi ser o melhor para o país e para o povo. Agora, espero que nós, que temos a mente (inteligência) de Cristo (1Coríntios2.16), colaboremos estrategicamente na construção de um Brasil mais justo, de uma vida mais leve e de uma Sotero melhor.

ALGUMAS RAZÕES PELAS QUAIS VOTEI EM DILMA RUSSEFF (II)

Na semana anterior, argumentamos que dentre muitas razões pelas quais confiamos nosso voto à presidenta eleita Dilma Russeff, três serias as mais importantes. A primeira, já discutida, declara que acreditamos que o projeto de governo destes últimos anos colaborou com a expansão de valores do Reino de Deus. Hoje, apresentamos uma segunda motivação para nosso voto na “estrela vermelha”.

2ª. Entendo ser necessário assumir os riscos inerentes aos nossos posicionamentos.

Como era de se esperar, nas últimas e decisivas semanas das eleições presidenciais muitas histórias, afirmadas como a mais pura verdade, circularam pretensiosamente pela internet. Pelo menos duas dessas histórias se tornaram estopim de um conflito sério, a saber, que Dilma, junto com o PT, seria a favor da descriminalização do aborto e do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Estes assuntos fazem parte de uma pauta complexa de implicações éticas, políticas, ideológicas e religiosas, que afetam diretamente o cidadão brasileiro em suas crenças e valores mais profundos. Afinal, somos um país com a maioria da população cristã. E nós, cristãos, não concordamos com o aborto, como também não aprovamos a união de pessoas do mesmo sexo, segundo orienta a Bíblia Sagrada (Romanos 1.24-27). Esse é o nosso posicionamento, a nossa resposta.
O próximo passo é assumir os riscos da posição que tomamos frente ao conflito. Não mudaremos de opinião quando nos oferecerem um caminhão de areia, um saco de cimento e mil blocos para a reforma da igreja. E assim, teremos liberdade para pregar a verdade. Não deixaremos de defender nossos valores mesmo quando nossa vida for ameaçada ou quando uma lei nos proibir de abrir as portas da Casa do Senhor. E assim, serão ainda mais fortes e poderosos os nossos valores quando formos capazes de entregar a própria vida pelo que acreditamos. Não depreciaremos aqueles que assumem o risco de suas escolhas, mesmos que estas sejam contrárias as nossas. E assim, compreenderemos melhor a dimensão do amor de Jesus.
Não estamos aqui concordando com aqueles que aprovam a descriminalização do aborto ou a união homossexual, mas também não concordamos com aqueles que desprezam o diálogo e perseguem o direito do outro de se escolher para si o caminho que convém aos seus valores. Quem age assim não conhece a graça do Deus Bondoso que sempre é surpreendido em conversas com o diferente.
Na verdade, não votei apenas em Dilma, mas na possibilidade divina do diálogo transparente e corajoso, onde as partes podem assumir seus valores sem máscaras fabricadas para agradar o eleitor. Não sei se errei ou se acertei votando no Partido dos Trabalhadores. Mas estou pronto a assumir os riscos de ver, na melhor das hipóteses, nosso país ateu de uma religião hipócrita, porém, mais próximo da vontade de Deus, através da distribuição justa e igual das suas riquezas e do combate à pobreza e a miséria.
Que bom seria se, também na Igreja, pudéssemos dialogar com a mesma transparência e coragem! Até que este dia glorioso chegue, é confortante saber que é exatamente dessa forma que Deus age conosco.

ALGUMAS RAZÕES PELAS QUAIS VOTEI EM DILMA RUSSEFF

Essa foi, sem dúvidas, uma das eleições mais concorridas. E, segundo especialistas, graças aos quase 20 milhões de votos alcançados pela candidata Marina Silva chegamos ao 2º Turno na disputa pelo Palácio do Planalto. O PSDB tentou, mas a vitória com 56,05% dos votos válidos foi da petista Dilma Russeff. E eu fiz parte desse percentual de brasileiros que confirmou o “13” nas urnas.
Talvez existam outras, mas tenho três razões para ter votado em Dilma.

1ª. Acredito que o projeto de governo destes últimos anos colaborou com a expansão de valores do Reino de Deus.
Sei que essa realidade pode ser incômoda para muitos de nós cristãos que aprendemos que a religião deveria ser apolítica e que acreditávamos no discurso da Direita afirmando como perigosos e subversivos os esquerdistas, grevistas, sindicalistas. E o cristianismo brasileiro, nas suas faces católica e protestante, colaborou com a demonização da Esquerda, enquanto recebia vultosas vantagens políticas e financeiras para impor as mãos e abençoar generais, ditadores, banqueiros, empresários, políticos e seus mensalões, sua corrupção, sua propina e até sua cueca. E nós acreditamos que apenas na Esquerda existiam demônios. Com certeza, existem pessoas ruins também nos movimentos esquerdistas, como existem na Direita e na Igreja!
Contudo, foram nestes oito anos de Partido dos Trabalhadores, mesmo com todos os escândalos (e eles devem ser apurados com rigor), que percebemos mudanças significativas nas prioridades da política pública brasileira. Houve investimentos em moradia, segurança, educação superior, meio ambiente, infraestrutura, geração de empregos e descentralização de renda. Tivemos a sensação de viver num país mais justo. Espero que não tenha sido apenas uma sensação!
E é aqui que percebi, com muita alegria e esperança, os sinais do Reino de Deus em nossa nação. Pois é através da reparação, da justiça e da prosperidade partilhada entre todos que vivenciamos o Reino. O apóstolo Paulo aprendeu e nos ensinou que “o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17). Porque foi clara a orientação do Mestre: “Busquem, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mateus 6.33).
Se alguns dos valores do Reino, então, são justiça e paz, acredito que existem muitas pessoas, partidos, governos, empresas, ONG’s e religiões que também anunciam e vivem o Reino de Deus assim com nós, através da Igreja de Cristo. Acredito ser importante identificar estes parceiros e somar forças na construção de um mundo mais justo e igual para todos. Para nós, cristãos, isso se chama comunhão e é através dela que tornamos Cristo conhecido no mundo (João 17.20-23). Até porque, o Reino de Deus está em nós (Lucas 17.21) e não em nossas instituições.
Na verdade, não votei apenas em Dilma, mas num projeto de governo que se propõe olhar para os pobres, os herdeiros do Reino de Deus (Lucas 6.20 e Tiago 2.5-8) e fazer justiça em um país marcado historicamente pela desigualdade.
É sempre bom lembrar que restaurar a dignidade humana faz parte da missão do nosso Senhor e, portanto, também da nossa.
Disse Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”. E depois declarou: “Hoje se cumpriu esta escritura”. (Lucas 4.18,19,21)
Nas próximas semanas compartilharemos as outras razões do meu voto.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

QUEM ACREDITA EM DIAS MELHORES?

Faz algum tempo que descobrir uma verdade libertadora: Deus não pertence à religião.
Descobri que Deus é grande demais para caber na caixinha dos meus rituais religiosos.
Descobri que Jesus é humano demais para ser animalizado pelo fundamentalismo das minhas doutrinas religiosas.
Descobri que o Espírito Santo é solidário demais com aqueles que sofrem para ser contaminado com a frieza e indiferença das pessoas da minha religião.
Talvez por isso, Jesus disse que “a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (João 4.23, 24). E o apóstolo Paulo ainda anuncia que “o Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens, nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa, pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (Atos 17.24, 25).
Mas, para alívio de todos, não estou abandonando a religião, pois é por ela que expresso minha fé em Deus, o meu Senhor. Apenas pretendo submeter a minha religião a Deus para, diante da cruz de Cristo e pela ação do Espírito, redimi-la do fundamentalismo, da frieza, da indiferença, da prepotência, da arrogância e da auto-suficiência. Porque só assim eu também serei livre para acreditar que Deus pode tornar melhores os dias para mim, para a Igreja de Cristo e para o mundo.
Hoje eu consigo acreditar que dias melhores virão porque acredito que Deus existe e atua tanto dentro quanto fora dos domínios da minha religião.
Hoje posso ler a Bíblia Sagrada, Carlos Drummond de Andrade, Friedrich Nietzsche; posso assistir Deixados para trás em casa e Avatar no cinema; posso ouvir Diante do Trono, Trazendo a Arca, Elis Regina, Chico Buarque, Luiz Gonzaga; posso ir aos cultos de domingo, mas também posso ir à praia com a família; posso viver dias tenebrosos e maus que enchem meus olhos de lágrimas e roubam minha esperança no futuro melhor, mas também posso afirmar que tenho irmãos e irmãs na fé que orarão comigo e me ajudarão a atravessar os vales da sombra e da morte.
Talvez agora a canção Dias melhores, de Rogério Flausino, interpretada pelo grupo Jota Quest possa ser observada sem preconceito, mas como uma declaração de quem já foi liberto pela Verdade (João 8.32).

Vivemos esperando dias melhores
Dias de paz
Dias a mais
Dias que não deixaremos para trás

Vivemos esperando
O dia em que seremos melhores
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo

Vivemos esperando
O dia em que seremos para sempre
Vivemos esperando
Dias Melhores pra sempre

sexta-feira, 30 de abril de 2010

COISAS DO CORAÇÃO - III

Nós temos um coração que nos mantém vivos. Usar bem o coração, aderindo a novos hábitos mais saudáveis, permite que este órgão biomecânico continue funcionando, distribuindo sangue por todo o corpo, mantendo-o vivo e saudável.
Ter um coração é ter uma existência; e existir é relacionar-se com o mundo (as coisas e as pessoas) no qual existimos. E assim como acontece com o coração, a qualidade da nossa existência no mundo também está ameaçada por hábitos relacionais ruins. Mudar estes maus hábitos é necessário para salvar nossa vida do perigo de existir no mundo como um objeto, sem coração, e fazendo das pessoas ao nosso redor também objetos.
A prática dessa inversão diabólica (pessoas/objetos x objetos/pessoas) em nossos relacionamentos é um forte indício do quanto Deus está distante do nosso coração, do nosso modo de existir. E se a Bíblia estiver correta ao afirmar que Deus não habita mais em templos feitos por mãos de homens e que cada crente é templo/morada do Espírito Santo, somos forçados a admitir que em muitos momentos de nossa vida Deus fica desabrigado. Essa é a má e triste notícia. A boa e esperançosa notícia é que é possível dar a Deus um novo lar. E o endereço dessa graciosa casa é VOCÊ.
Jesus disse que está à porta, batendo e esperando que você ofereça a ele uma nova casa, um novo lar. E aqueles que têm Jesus morando em seu coração, têm um novo modo de existir no mundo e de se relacionar com ele. Primeiro, porque sua mente, sua reflexão sobre o mundo é diferente. Agimos mal porque pensamos mal e mudamos pouco porque refletimos pouco. Ter Jesus no coração é também usar a cabeça para gerenciar conflitos de forma inteligente e responsável.
Segundo, porque seus sentimentos, suas emoções são diferentemente administradas. Compreender o potencial construtivo e destrutivo de nossas emoções e sentimentos nos ajuda a com-viver melhor com as pessoas. Ter Jesus no coração é também sentir com o mundo, interagir com sua dinâmica de dor e alegria, perda e ganho, ida e volta, lágrima e riso, morte e nascimento, fim e recomeço, fome e partilha. É interagindo que experimentamos com-paixão.
Terceiro, porque seu comportamento, sua maneira de relacionar-se condiz com a maneira como Deus se relaciona com ele. O antigo ditado “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, agora, com Jesus no coração, fica assim: “quem com ferro me fere, com amor, perdão, graça e misericórdia será tratado”. Quando isso parecer difícil lembre que “não mais eu, mas Cristo vive em mim”.

COISAS DO CORAÇÃO - II

A descoberta da semana passada foi simples, mas preciosa para a qualidade de nossa relação com Deus, com as pessoas e conosco também. Descobrimos (ou lembramos) que temos um coração, por isso existimos no mundo e nos relacionamos com ele. Saber usar este coração e existir no mundo amando as pessoas que também têm coração e existem no mesmo mundo que nós, foi o desafio lançado no primeiro momento em que refletimos sobre o coração. Hoje, já cientes que temos um coração, que existimos no mundo, refletiremos sobre os perigos que corre nosso coração e os males que comprometem a qualidade de nossa existência.
O órgão biomecânico que carregamos no peito é responsável pela circulação do sangue por todo o corpo, mantendo-o, assim, vivo e em bom funcionamento. Os percalços no trajeto desse sistema circulatório podem ser chamados de doenças cardíacas, pois afetam diretamente o bom funcionamento do coração, do sistema circulatório e demais órgãos, uma vez que lhes falta a oxigenação necessária. Algumas dessas enfermidades são a hipertensão arterial, angina, isquemia cardíaca, infarto do miocárdio, arritmia cardíaca, doenças dos vasos sangüíneos, insuficiência cardíaca congestiva, etc. As doenças cardíacas ainda podem ser congênitas, quando já nascemos com anomalias no aparelho cardiovascular, ou adquiridas através do nosso estilo de vida autodestrutivo com altos índices de sedentarismo, colesterol e estresse.
Contudo, parece haver possibilidade de melhor qualidade de vida cardíaca para todos nós. Para os portadores de doenças congênitas, existem modernas cirurgias de correção e medicamentos apropriados. Para os portadores de doenças adquiridas, o receituário médico é simples: mude seus hábitos! E todos os profissionais de saúde são unânimes na recomendação da prática de exercícios físicos regulares e melhoria na alimentação e na qualidade das relações interpessoais.
O Sábio bíblico nos recomenda “guardar o coração acima de tudo, porque dele provém a vida” (Pv 4.23). Talvez, uma paráfrase adequada do antigo provérbio seria: o teu coração está em perigo; cuide dele.
Se as mudanças em nossos hábitos cotidianos trazem saúde ao nosso coração, as mudanças em nossos hábitos também trazem saúde à nossa existência. Para tanto, segue um conselho: mude seus hábitos espirituais. Pratique exercícios de amor, perdão e tolerância. Se alimente com boa literatura, boa música e boas amizades. Dê graças por tudo. Chore sempre que necessário. Ria da vida e de si mesmo. Não prolifere a fofoca, a mentira e a maldade. Divida tudo - o pão, a dor, a alegria.

COISAS DO CORAÇÃO

Já houve um tempo em que o coração era considerado o centro administrativo de todo o ser, tanto de suas emoções e inclinações morais quanto de seus pensamentos e atividades intelectuais. Alguns chamam essa “era do coração” de cardiocêntrica.
Os tempos passaram e os conceitos sobre as coisas do mundo e nossa relação com elas também mudou. Em meados do século XVII, William Harvey revoluciona a concepção adquirida do coração, afirmando que o mesmo não tem outra função, senão, bombear sangue, através das artérias, para todo o corpo. Desde então, mesmo ainda sendo considerado um órgão vital, o coração perdeu seu reinado para o cérebro, que assumiu, principalmente na Modernidade, o centro de comando ideal do agir humano, determinado, agora, pela razão e não mais pela emoção fosca da mística medieval. É a tão almejada supremacia da razão sobre a emoção que nos colocou numa nova era que poderíamos chamar de cefalocêntrica.
Hoje, em nossa multifacetada pós-modernidade, já constatamos as luzes da razão não são tão brilhantes e que a mística emotiva dos corações religiosos têm algo a dizer sobre o mundo e a nossa relação com ele. Parece que a descoberta foi essa: todos temos cérebro, mas também coração. Pensamos e sentimos enquanto existimos. Sobrepor uma dessas condições humanas à outra, seria, no limite, deixar de existir no mundo e na interação com ele e as outras pessoas.
Temos um coração, que centralizada todo nosso ser e determina nossas paixões, inclinações, impulso, valores. E não me refiro ao órgão biomecânico que carregamos no peito, mas a uma coisa de natureza espiritual (metafísica, para os filósofos) que a Bíblia Sagrada recomenda guardar com cuidado para não se perder a própria vida: “Guarda o teu coração acima de tudo, porque dele provém a vida” (Provérbios 4.23).
Nestes próximos domingos de Abril, começando hoje, as reflexões serão sobre o coração. Tenho a esperança de encontrar na Palavra de Deus os caminhos para cuidar do nosso coração, para protegê-lo do mal e para fazer dele a morada do Senhor Jesus.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PARA QUEM DESEJA SERVIR

“... lavai os pés uns dos outros.”

Falamos muito em serviço. Mas será que estamos realmente preparados para servir em todas as circunstâncias, a todo momento, nos despindo do orgulho, da vaidade, da auto-suficiência que acalentamos no fundo de nós mesmos?
Parece fácil servir, principalmente se temos em mente atitudes simples de nosso dia-a-dia, que não nos custam esforço ou renúncia. Talvez, justamente aqui esteja nosso erro quando pensamos em serviço: reduzimos o servir a uma ação esporádica, sem efeito duradouro, daí servimos quando podemos, quando sentimos vontade ou quando a situação é gritante e necessariamente temos de agir.
Mas qual seria, então, a maneira correta de servir? A resposta é dada pelo Mestre Jesus. Todo seu ministério é, essencialmente, um exemplo de serviço, percebido na sua encarnação assumindo a forma de homem, nas curas, nos diálogos, nos sermões, na morte, na ressurreição e, de forma sintetizada, no episódio do lava-pés (João 13.1-17).
Nos remontando à cena, imaginemos Jesus, o próprio Deus feito um de nós, deixando seu lugar à mesa, tirando o manto, atando uma toalha na cintura, se abaixando e lavando um a um os pés dos discípulos, que, perplexos, não entendiam ainda o que aquele gesto, próprios dos escravos, significava no ministério de Jesus. Por isso, Pedro, inicialmente, se recusa a ter seus pés lavados pelo Mestre.
A mensagem do texto, tão bem elucidada pelo autor do Quarto Evangelho, é clara: temos que, como cristãos, servir como Cristo serviu, chegando até a lavar os pés uns dos outros (v. 14), se necessário. Mas não é só isso. No lava-pés, Jesus tenta pela última vez fazer com que seus discípulos entendam a verdadeira mensagem do Reino: que “o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir”. Contrariando todas as expectativas da espera de um rei glorioso, um guerreiro sanguinário ou um revolucionário justiceiro, chega um servo, alguém que lava os pés, inclusive daquele que o havia de trair. O servir para Jesus era um ato existencial, estava atado a ele como aquela toalha cingida na cintura, que não foi retirada mesmo depois de se assentar de volta à mesa.
Aprender a servir com Jesus é estar realmente preparado para servir, seguindo o seu exemplo (v. 15), lavando os pés (servindo) até dos nossos inimigos e entendendo que foi para isso que fomos chamados para seu Reino, o único onde todos são servos uns dos outros, até o Rei.
Que o mesmo Deus-Servo nos faça preparados para servir sempre.
“Se bem sabeis estas coisas (servir), bem aventurados sois se as fizerdes” (v. 17).

sexta-feira, 2 de abril de 2010

POR CRISTO VOU ATÉ OS CONFINS DA TERRA

Este foi o tema da Campanha de Missões Mundiais que encerramos, aqui na Sotero, no culto da noite de hoje. É uma declaração corajosa!
Para aqueles que gostam de encarar desafios, ir por Cristo até os confins da Terra é um dos grandes. E por, pelo menos, três razões:
1. É por Cristo até vamos até os confins da Terra. Talvez não seja difícil chegar aos lugares mais longínquos e exóticos do Planeta, principalmente com as facilidades do transporte aéreo e com a exploração do mercado turístico. Há os que vão para muito longe de sua terra natal para estudar, para sobreviver, para passear, para trabalhar. Mas, no exercício da missão não são os nossos interesses que contam como motivação para sair por todos os cantos da Terra. Saímos em missão por causa de Jesus Cristo, nosso Senhor, pois “é por ele e para ele que nos movemos e existimos” (rsrsr). Portanto, não é pela denominação ou pela igreja que saímos em missão. Mas também não é por uma obrigação cristã. Se vamos aos confins do mundo por Cristo, então, o imitaremos em seus passos peregrinos, seus braços que acolhem, suas mãos que curam, seu olhar que revela, sua voz que acalma, suas palavras que consolam, sua alma que se angustia, suas lágrimas companheiras, sua cruz de amor.
2. Sou eu que irei até os confins da Terra. No mundo pós-moderno da terceirização tanto dos bens e serviços quanto das responsabilidades humanas para com o outro e a criação, a missão também se vê nas mãos de terceiros. Os confins da Terra é lugar para os pastores e pastoras, missionários ou qualquer outra pessoa que se sentir tocada pelo clamor das nações. Não é uma responsabilidade minha viver a missão (afinal de contas, já remuneramos os pastores e missionários para isso!). Como é triste perceber que o “deus deste século” ainda continua cegando o entendimento de muitos. A missão deve ser cumprida por mim porque há espaços geográficos e sociais que apenas eu tenho acesso. Se não viver a missão nestes espaços, ninguém mais fará. Além disso, no Reino de Deus todos pegam no arado e saem a semear. Um pastor na China semeia o Evangelho no coração dos chineses, mas é você quem deve semear e testemunhar do Amor de Deus à sua família, seus vizinhos e amigos.
3. É nos confins da Terra que eu devo cumprir minha missão. Alguns são chamados pelo Senhor para anunciar a Salvação em lugares distantes de sua terra natal. Mas para outros, o chamado será para ir a outros confins, não os da Terra, mas os da alma, do coração das pessoas que estão muito próximas. O próprio Jesus orienta: “primeiro em Samaria, depois...”. O objetivo de nossa missão não é apenas levar a Palavra, mas restaurar vidas através da Palavra Viva. Nossa missão é também é chegar aos confins do coração dos homens e mulheres, que, a passos largos nesse mundo mal, se distanciam cada vez mais da cruz de Cristo.
Por Cristo eu vou até os confins da Terra. E você, vai?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Olhando para a cruz de Cristo...

Olhar é direcionar a atenção, focar a visão em um ponto que pode ser uma pessoa, uma paisagem ou mesmo um cenário vazio, porque, às vezes, olhamos imagens de nossas lembranças ou de nossos sonhos.
Olhar é ignorar o restante em torno daquilo que se olha, mesmo reconhecendo que todo o entorno é importante para a existência daquele ponto que rouba minha atenção.
Olhar é transcender o olhado, transformando-o em ponte para uma outra realidade de um futuro possível, pelo menos em nossos sonhos.
Olhar é conectar-se com o que se olha, compreendendo seus sinais, sua linguagem e ajudando outros a se conectarem também.
Todos nós sempre olhamos, porque sempre há algo ou alguém que seduz nosso olhar e aprisiona, mesmo que por segundos, a nossa atenção.
Hoje, quando celebramos a Ceia do Senhor, convido você a olhar para um lugar especial. O cenário é triste e sombrio: lágrimas e sangue se misturam, dor e sofrimento são quase insuportáveis. E há algumas cruzes com pessoas violentamente presas nelas. Em uma dessas cruzes está Jesus, o Filho de Deus, morrendo por você. É para lá que os nossos olhares se direcionam.
Olhar para a cruz de Cristo é focar a visão, a mente e o coração no projeto de Deus para o ser humano.
Olhar para a cruz de Cristo é ignorar tudo que disputa a minha atenção e tenta desviar meu olhar.
Olhar para a cruz de Cristo é desvendar todo o mistério do amor de Deus planejado antes da criação do mundo e manifesto aos homens numa noite em Belém.
Olhar para a cruz de Cristo é enlutar-se com o Pai e chorar com ele por toda a humanidade enquanto seu Filho morre por ela.
Olhar para a cruz de Cristo é, mesmo chorando, guardar no íntimo a certeza de que a noite passará e as misericórdias do Senhor serão sobre nós, fazendo novas todas as coisas.
Olhar para a cruz de Cristo é crucificar-se com ele, sentindo no corpo e na alma todo peso do amor de Deus.
Olhar para a cruz de Cristo é sair da cruz, como nova criatura, atraindo para ela o olhar de outras pessoas, através do testemunho, das palavras e do silêncio de quem um dia olhou para a cruz e foi surpreendido com Cristo olhando para ele.
Para onde você tem olhado? Quem ou o que tem atraído tua atenção? Responder estas perguntas é o primeiro passo na descoberta da distância que nos separa da cruz de Cristo, porque quanto mais olho, mais quero olhar e de cada vez mais perto. E quanto mais perto chego da cruz mais me humanizo, me quebranto, me reconheço pecador carente da graça e do perdão de Deus. Porque ao chegar bem perto da cruz, ao contrário das minhas expectativas, só encontro um homem como eu, olhando para mim.
Por isso, posso afirmar que olhar para a cruz de Cristo é também olhar para você e amá-lo como Jesus amou.

AMIGOS DA SOTERO

Não é preciso muita sensibilidade para perceber que o tema da amizade perpassa todas as nossas relações, das mais triviais e cotidianas, até as mais complexas. E como um tema próprio da humanidade, a amizade aparece também nas expressões de arte, como música, poesia, cinema e teatro. Mas também se reflete sobre amizade nas Universidades, onde o tema, tão carregado de emoção e tão precário de linguagem própria que o explique, é dissecado para que cada uma das distintas senhoras conhecidas por Ciências Humanas, possa receber uma parte e dissertar páginas infindáveis expondo a sua visão sobre a amizade. E, por incrível que pareça, até no meio empresarial valoriza-se a amizade, mesmo que em níveis superficiais que sirvam apenas para dar coesão à organização e elevar seus ganhos. O mundo capitalista do “cada um por si” já descobriu que parcerias são o caminho da permanência de qualquer empreendimento neste século.
Não vou me arriscar a dizer que Jesus, em seu tempo, já protagonizava uma reflexão original sobre a amizade, até porque os gregos já faziam isto centenas de anos antes. E ainda antes dos gregos, com certeza, outros já se pronunciavam sobre a amizade.
Se não original, pelo menos foi revolucionária a reflexão de Jesus usando a amizade entre os humanos para sinalizar o novo modelo de relacionamento entre Deus e seus filhos. E Jesus disse: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” (João 15.15).
Aprendemos no exercício religioso, que a relação com Deus deveria ser embasada no parâmetro domínio-servidão, onde um “chefe” sobrepõe os “funcionários”, que fazem seu serviço e recebem seu salário no fim da vida. Ao contrário dessa relação servil com o Pai Eterno, o Mestre Jesus revela que os filhos e filhas de Deus podem vivenciar uma relação de amizade com ele. O convite é para sermos amigos de Deus e compartilhar com ele seu projeto de amor ao pecador. Insistir em ser apenas servo é esquivar-se da responsabilidade de amar as pessoas que Deus ama.
Já faz algum tempo que iniciamos uma campanha chamada Amigos da Sotero, com o objetivo de agregar pessoas que nos ajudem através de contribuição financeira, oração e serviço. E escolhemos este título para a campanha porque não queremos servos para a Sotero, pessoas que apenas cumpram obrigações, mas pedimos ao Pai que nos envie pessoas sinceras, com o coração aberto e mãos generosas ao partilhar o pão. Pedimos a Deus que nos desse amigos e amigas para a Sotero. Pedimos a Deus que nos fizesse amigos e amigas uns dos outros.
Seja um Amigo da Sotero; seja amigo de Deus; seja amigo dos seus irmãos e irmãs, assim como Deus é seu amigo.

A IGREJA QUE QUEREMOS SER

Há um provérbio bíblico que diz assim: “Ensine a criança o caminho em que deve andar e, mesmo quando envelhecer, não se desviará dele” (Provérbios 22.6). Hoje, os modernos avanços nas pesquisas sobre comportamento humano atestam o que culturas antigas, como a judaica, já vivenciavam. Sabemos, por leituras especializadas ou pela força da prática de quem tem crianças em casa, que é durante a infância que são construídas em nós as bases do nosso caráter e internalizamos os valores que influenciarão todas as nossas decisões quando adultos.
Além dos filhos naturais que alguns têm, nós todos temos uma criança em nossos braços, precisando ser ensinada sobre os caminhos da vida, porque ela está crescendo e, em breve, quando for grande, talvez não possamos mais corrigir seu caráter e valores.
A Igreja Batista Soteropolitana, que carinhosamente chamamos de Sotero, é a criança que Deus confiou aos nossos cuidados. Aquilo que ensinamos, praticamos, cantamos, como administramos as coisas e servimos aos pessoas, nesse período de infância da Sotero é o que determinará o seu jeito de ser, os valores que escolherá para se relacionar com Deus, com as pessoas e com o mundo. Hoje, com três anos, a Sotero acolhe negros e brancos que se abraçam como irmãos; recebe pessoas de classe média e pessoas que carecem de cesta básica, proporcionando a todas o privilégio de partilharem suas vidas e bens entre si; reúne crianças, adolescentes, jovens e idosos num mesmo espaço comum de celebração, apesar das diversas e conflituosas diferenças de geração; viabiliza o acesso livre da Bíblia Sagrada a cada pessoa, como instrumento de transformação tanto pessoal e espiritual quanto comunitária e social; estimula o crescimento pessoal, afetivo, profissional e espiritual de homens e mulheres, porque acredita que Deus reservou para seus filhos uma vida abundante e feliz que deve fazer severa oposição ao modo de vida de um mundo mal, egoísta, injusto e sem orientações éticas.
E amanhã, queremos ser uma Igreja exatamente assim: que ama a Deus servindo as pessoas que ele ama.

UMA ORAÇÃO PARA A SOTERO

Orações são petições, anseios do coração derramados diante da divindade a qual servimos e prestamos cultos. Para alguns fiéis, inocentes ou mal intencionados, as orações se apresentam como boa oportunidade para manipular seu deus. Talvez por isso, junto às orações seguem oferendas, promessas ou mesmo uma simples impostação de voz ressal-tada pela escolha das palavras mais cultas do idioma no qual se ora.
Nós, os cristãos, também oramos, fazemos petições ao nosso Deus, através de seu Filho Jesus e orientados pelo seu Espírito Santo. No entanto, é justamente essa matriz triúna que sinaliza um outro modo de orar embasado no relacionamento entre pessoas livres e plenas em seu moda de ser, mas essencialmente unidas pelo mesmo amor. E nós, quando oramos, mesmo nas necessidades mais vitais, preferimos nos relacionar e compartilhar nosso coração com o Deus que se fez nosso amigo e companheiro de caminhada. E já que o Deus Eterno a quem dirigimos nossas suplicas e orações é nosso amigo, não tentamos manipulá-lo, suborná-lo ou coagi-lo com promessas falsas, palavrório rebuscado, oferendas pretensiosas ou dízimos exorbitantes. Basta a mais singela oração de um coração amigo para que céus e terra se movam.
Oramos, então, para e porque nos relacionamos sempre, com todos e tudo, tanto inimigos quanto amigos. É nessa rede de corações relacionados, a exemplo da Trindade Santa, que o nosso Deus fala conosco e responde nossas orações.
Quero convidar cada irmão e irmã da Sotero a fazermos destes dias de 2010 um tempo de oração, de relacionamento com Deus, com os homens e com a criação. E para nos ajudar nesse caminho, ofereço ao nosso coração uma oração simples, feita no século passado, de autoria questionada, mas comumente atribuída a São Francisco de Assis.

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

UM POUCO DO QUE SOMOS

O Culto de Gratidão que celebramos nesta quinta-feira, dia 31, foi uma síntese de muito do que vivemos em 2009 e nos outros anos de nossa existência como Igreja Batista Soteropolitana. Mas também foi nossa confissão de fé, aquilo que queremos ser diante de Deus e dos homens.
O testemunho de Joeliton e Regina Bonfim, assim como de Rosane e Vanderlino, nos acendeu a responsabilidade de anunciar Cristo a todos, crianças, adolescentes ou adultos. O batismo nas águas destes mesmos irmãos nos deu a sensação de missão cumprida por um lado e a percepção da missão a cumprir, por outro. Colaborar com a formação do caráter de Cristo em cada pessoa é uma árdua, mas gratificante missão.
A Ceia do Senhor, nos fez lembrar da presença do Mestre em nosso meio, nossa vida e nosso história. Estávamos com ele na cruz e ele está conosco em nossas cruzes diárias. Assim como nós estamos presentes em oração e ação nas cruzes uns dos outros.
Uma nova diretoria estatutária foi consagrada ao Senhor da Igreja: Aroldo, Eduardo, Cristina, Alane, Paulo e Brito, além dos demais líderes que permanecem em seus ministérios. Cada um e uma, escolhidos por Deus para servir tanto aos de dentro da Sotero, quanto aos que ainda estão fora. Consagrar servos ao Senhor é ter a coragem para dizer ao sistema diabólico deste mundo que não aceitamos seu poder, sua injustiça, sua desigualdade, que não iremos nos sobrepor uns aos outros, que não escravizaremos nossos irmãos, que não escolheremos a quem servir. Ao contrário, serviremos a todos os que o Senhor por em nosso caminho, sejam homens ou mulheres, ricos ou pobres, crianças ou idosos, santos ou pecadores, religiosos ou ateus, sãos ou doentes, negros, brancos ou índios. Serviremos a todos porque este é o nosso jeito de servir a Deus.
Distribuímos um exemplar do devocional Pão Diário para cada família da Sotero, como incentivo à leitura da Bíblia Sagrada em família, porque entendemos que a Palavra Santa que fez os mundos existirem do nada precisa entrar em nossas casas, em nossos lares, para fazer nascer um novo mundo chamado Reino de Deus.
E, por fim, partilhamos uma deliciosa ceia, composta com pratos trazidos por cada família, divididos entre todos. Dividir o pão tem sido nossa marca, nestes três anos de existência. E junto com o pão, dividimos as dores, as alegrias, as esperanças, as desilusões, os conselhos, as ansiedades, os bens, o tempo, as habilidades, dividimos nossa própria vida como fez nosso Senhor.
Quem esteve conosco naquele Culto de Gratidão conheceu um pouco de quem somos e do que queremos ser: Uma comunidade de irmãos unidos pelo desejo de amar a Deus amando pessoas.
E se você deseja ser parte dessa comunidade de amor, venha caminhar conosco.