sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ALGUMAS RAZÕES PELAS QUAIS VOTEI EM DILMA RUSSEFF (II)

Na semana anterior, argumentamos que dentre muitas razões pelas quais confiamos nosso voto à presidenta eleita Dilma Russeff, três serias as mais importantes. A primeira, já discutida, declara que acreditamos que o projeto de governo destes últimos anos colaborou com a expansão de valores do Reino de Deus. Hoje, apresentamos uma segunda motivação para nosso voto na “estrela vermelha”.

2ª. Entendo ser necessário assumir os riscos inerentes aos nossos posicionamentos.

Como era de se esperar, nas últimas e decisivas semanas das eleições presidenciais muitas histórias, afirmadas como a mais pura verdade, circularam pretensiosamente pela internet. Pelo menos duas dessas histórias se tornaram estopim de um conflito sério, a saber, que Dilma, junto com o PT, seria a favor da descriminalização do aborto e do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Estes assuntos fazem parte de uma pauta complexa de implicações éticas, políticas, ideológicas e religiosas, que afetam diretamente o cidadão brasileiro em suas crenças e valores mais profundos. Afinal, somos um país com a maioria da população cristã. E nós, cristãos, não concordamos com o aborto, como também não aprovamos a união de pessoas do mesmo sexo, segundo orienta a Bíblia Sagrada (Romanos 1.24-27). Esse é o nosso posicionamento, a nossa resposta.
O próximo passo é assumir os riscos da posição que tomamos frente ao conflito. Não mudaremos de opinião quando nos oferecerem um caminhão de areia, um saco de cimento e mil blocos para a reforma da igreja. E assim, teremos liberdade para pregar a verdade. Não deixaremos de defender nossos valores mesmo quando nossa vida for ameaçada ou quando uma lei nos proibir de abrir as portas da Casa do Senhor. E assim, serão ainda mais fortes e poderosos os nossos valores quando formos capazes de entregar a própria vida pelo que acreditamos. Não depreciaremos aqueles que assumem o risco de suas escolhas, mesmos que estas sejam contrárias as nossas. E assim, compreenderemos melhor a dimensão do amor de Jesus.
Não estamos aqui concordando com aqueles que aprovam a descriminalização do aborto ou a união homossexual, mas também não concordamos com aqueles que desprezam o diálogo e perseguem o direito do outro de se escolher para si o caminho que convém aos seus valores. Quem age assim não conhece a graça do Deus Bondoso que sempre é surpreendido em conversas com o diferente.
Na verdade, não votei apenas em Dilma, mas na possibilidade divina do diálogo transparente e corajoso, onde as partes podem assumir seus valores sem máscaras fabricadas para agradar o eleitor. Não sei se errei ou se acertei votando no Partido dos Trabalhadores. Mas estou pronto a assumir os riscos de ver, na melhor das hipóteses, nosso país ateu de uma religião hipócrita, porém, mais próximo da vontade de Deus, através da distribuição justa e igual das suas riquezas e do combate à pobreza e a miséria.
Que bom seria se, também na Igreja, pudéssemos dialogar com a mesma transparência e coragem! Até que este dia glorioso chegue, é confortante saber que é exatamente dessa forma que Deus age conosco.

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