sábado, 23 de junho de 2007

Sobre o Advento IV

É Natal
“... e por isso estamos cheios de alegria.”

Juntos, como Igreja de Cristo, nós da Família Soteropolitana celebramos o Advento, uma festa daqueles que aguardam seu Senhor. Nestas últimas três semanas acendemos as velas da vigilância, da confissão e da esperança.
Hoje é o dia em que acendemos a vela mais esperada, a quarta vela, simbolizando a alegria dos que aguardam com perseverança e vêem se cumprir a promessa do Senhor em suas vidas.
Apesar de todas as críticas que se façam ao Natal celebrado aqui no ocidente-capitalista, ainda é o momento que se convencionou entre os cristãos para celebrar o nascimento daquele que é o centro da nossa fé, o Senhor Jesus Cristo.
E a alegria é esse sentimento (ou estado de espírito, como queiram) paradoxo em si mesmo, pois só sabem o que é alegria aqueles que passaram pela tristeza.
Quem celebra o Advento vivencia exatamente essa tensão sentimental entre tristeza e alegria. Pois o Advento é uma dupla celebração: a vinda e o volta do Senhor, porque ele veio como Deus-Menino, cresceu e morreu na cruz por nós, mas voltará como juiz para levar consigo os seus. Assim, nos alegramos com a promessa que se cumpriu, com o Emanuel entre nós, mas também nos entristecemos pela saudade que temos do nosso Senhor. Contudo, nos alegramos em saber que um dia o veremos face-a-face e então nossa alegria será completa.
Enquanto esse dia tão glorioso não chega, você pode aplicar essas verdades sobre alegria no cotidiano da sua vida, lembrando que toda a tristeza pode durar uma noite, mas a alegria vem na manhã de um novo dia.
Neste dia de Natal, convidamos você a acender em seu coração a vela da alegria, mesmo quando a tristeza parecer mais forte, lembrando sempre do que disse o nosso Senhor: “... a vossa tristeza se converterá em alegria” (João 16.20).
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira

Sobre o Advento III

HÁ ESPERANÇA... PARA OS QUE CRÊEM E AGEM

Hoje, acendemos a terceira vela da celebração do Advento, nos fazendo lembrar a esperança que devemos ter no cumprimento das promessas de Deus.
Numa definição bem simples e popular, esperança seria a capacidade de acreditar que tudo pode e vai melhorar e, o mais importante, agir no sentido de fazer acontecer o que se espera. Diz uma canção secular: “Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer”.
Na vivência da esperança dois movimentos são importantes: 1) a capacidade de acreditar, mesmo sem nenhuma percepção dos sentidos; e 2) a capacidade de agir, mesmo quando as forças parecerem ter acabado.
Esperança e fé caminham sempre juntas. E “fé é a certeza das coisas que se esperam e a prova daquilo que não se vê” (Hebreus 11.1). O primeiro passo, então, para viver a esperança real em Deus é crer, mesmo sem ver. Tomé é o exemplo negativo que logo nos vem à memória (João 20.24-29). Mas ver para crer talvez não fosse o maior problema de Tomé. Não ver os fatos da vida com os olhos da fé, esse foi o pecado de Tomé. A fé é o alimento que nutre o espírito da esperança. Quando tudo parecer contrário, acredite e siga o conselho de Jesus: “Não sejas incrédulo, mas crente!” E passe a ver a vida com os olhos da fé.
Ao contrário do que muitos pensam, a esperança não é apenas um esforço espiritual para melhoria do mundo, mas ação concreta em direção a realização dos sonhos mais sinceros que Deus plantou em nossos corações. Por isso quem tem esperança corre atrás. Como Abraão, que deixou tudo e foi para a terra que Deus o prometeu; o povo de Israel, que travava batalhas pela terra prometida; os profetas, que esperavam a ação de Deus no meio do povo enquanto pregavam a palavra do Senhor; os apóstolos que anunciavam o evangelho enquanto aguardavam a volta de Jesus; e o próprio Deus, fonte de nossa esperança, que, enquanto espera com paciência o homem, age se entregando numa cruz para salvá-lo. Deus já deu a você força, inteligência, saúde e outros meios para você realizar seus sonhos, então lute e não desista na primeira dificuldade. Aja e o que você não puder fazer Deus fará.
Hoje eu convido você a permitir que a vela da esperança em Cristo Jesus ilumine sua vida e dê a você fé e forças para agir.
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira

Sobre o Advento II

UMA DUPLA MISSÃO AOS QUE CELEBRAM O ADVENTO

Iniciamos na semana passada as celebrações do Advento, que é a espera da vinda do nosso Senhor. Acendemos a primeira vela, simbolizando a necessidade de estarmos vigilantes em todo tempo até a volta de Cristo.
Hoje é o dia de acendermos a segunda vela, que nos lembra a exortação do profeta Isaías (40.3) vivida por João Batista: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Marcos 1.3). Essa é, sem dúvidas, a missão daqueles que aguardam a vinda do Salvador: endireitar caminhos!
A missão de João Batista, ao contrário do que muitos da época dele pensavam, não era salvar ou curar as pessoas, mas apenas anunciar, preparar o caminho (Mc 1.7,8). Mas, para preparar o caminho de outros João teve que preparar o seu caminho nos vários anos de deserto e na prática da denúncia de pecado. Assim, a missão do profeta parece dupla: 1) preparar o seu caminho para então 2) preparar o caminho do seu povo.
Como João Batista, você e eu também somos profetas com uma dupla missão: 1) Nesse tempo de Advento, Deus nos convida a endireitarmos nosso caminho. Caminho, para o povo da Bíblia, geralmente, é uma metáfora da vida. Cada um tem seu caminho a trilhar, sua vida a viver. Sua primeira missão é endireitar sua vida. Faça como o salmista que pediu a Deus para desviá-lo do caminho mal e guiá-lo pelo caminho eterno (Salmos 139.24). 2) O outro passo é endireitar o caminho do seu povo, das pessoas que convivem conosco - familiares, vizinhos, colegas, amigos. Não adiantará muito termos vivenciado uma experiência de libertação e salvação com Deus se não a transmitirmos a outras pessoas que ainda estão perdidas. Faça como a mulher samaritana que, após seu encontro com Jesus, foi às pressas anunciar aos outros que tinha encontrado o Messias (João 4.28-30; 39-42).
O nosso desejo é que você aceite o convite bíblico: prepare seu caminho! Porque cedo o Senhor vem, e sem demora.
Que o Senhor nos encontre com a vida preparada na sua volta.
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira

O ADVENTO (Uma celebração daqueles que esperam seu Senhor)

Hoje é um dia especial para a Família Soteropolitana, o dia em iniciamos a celebração do Advento (que vem do latim, Adventus: vinda). O Advento é o momento em que a Igreja do Senhor festeja a sua vinda ao mesmo tempo em que reacende a esperança da sua volta. É uma cerimônia praticada já pelos cristãos primitivos. Originalmente apenas para lembrar que a volta do Senhor estava próxima. Porém, para os cristãos atuais, o Advento lembra as duas vindas de Cristo, não como momentos separados um do outro, mas complementares. Pois o Senhor Jesus veio como homem ao mundo para salvar os que crêem e retornará para buscar os fiéis, formando um círculo perfeito de amor.
As celebrações do Avento em nossa Igreja acontecerão nos quatro domingos que antecedem o Natal, dias 03, 10, 17 e 24, sempre no culto noturno, às 18:30h.
Um símbolo que acompanha sempre o Advento é a coroa circular de folhas verdes com as quatro velas, acesas uma em cada domingo. A forma circular nos lembra o amor perfeito do Pai, que não tem início nem fim, formando uma aliança conosco; a cor verde nos lembra a esperança que devemos ter em Deus no cumprimento das suas promessas; e as velas que vão se acendendo uma a uma nos lembram o tempo de escuridão que antes vivíamos, mas que Jesus dissipou com sua luz.
Sendo assim, hoje iniciamos nossas celebrações do Advento acendendo a primeira vela, que nos fala da necessidade de vigilância para a volta do nosso Senhor. Devemos ser vigilantes em todo tempo! Estar vigilante, no sentido bíblico, não é apenas estar atento, mas também preparado. E o caminho da preparação para o retorno de Jesus é a conversão sincera e genuína, gerando em nós o perdão divino, que deve ser vivenciado em todas as nossas relações, “pois se perdoarmos as pessoas que nos ofendem, o nosso Pai, que está no céu, também nos perdoará” (Mateus 6.14).
Convidamos você, que faz parte da Igreja de Cristo, a celebrar conosco estes momentos de alegria e espera que não terminarão no dia 24, mas seguirão por toda nossa vida, até que volte o nosso Senhor. Aleluia!
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira

UM CONVITE ESPECIAL ("Sirvamos água")

Já faz algum tempo que assistimos na TV, no desenrolar de mais uma novela global, a saga de uma personagem chamada Darlene, uma moça obcecada pela fama, que fez loucuras pelo sucesso. Como afirmam alguns que a arte imita a vida, não é de se admirar que tenhamos muito da "síndrome de Darlene". Sonhamos com a posição social melhor, com o cargo de gerência, com mais dinheiro na conta, com carro sempre novo... e segue-se a lista. Tudo isso é normal para nós, seres humanos inconformados, sempre em busca daquilo que ainda não possuímos. O problema está em quando menosprezamos o caminho do serviço, que é a base saudável para todas as nossas futuras conquistas.
Na dispensação da missão aos apóstolos, narrada pelo Primeiro Evangelista em Mateus 10, encontramos a beleza do servir não nos atos heróicos dos enviados, com a expulsão de demônios, perseguições, entrevistas com reis e governadores, abandono da família, e outros, mas no fim do capítulo, no ato simples e cotidiano de dar água ao que vem em nome de discípulo (v. 42). O capítulo dez começa com a lista dos famosos apóstolos, mas termina, ironicamente, com o anonimato daqueles que servem água aos que foram enviados. No Reino de nosso Senhor é assim, todos participamos da missão: apóstolos e servos.
O anonimato é característica essencial do servo. No entanto, ser anônimo na dinâmica do servir, não significa ser o desnecessário ou o dispensável. Pelo contrário, quem pratica o serviço lança a base para que toda a obra se erga.
Assim, tanto o que serve água, quanto o enviado, compartilham responsabilidades e recompensas na missão, que só acontece com sucesso quando todos se integram no mesmo ideal: SERVIR.
E a você, querido(a) irmão(ã), convidamos a que continue envolvido no serviço do Reino, começando pelo trabalho de nossa Igreja. Temos planos, projetos e sonhos que infelizmente não realizamos por falta de mais daqueles que, anonimamente, servem água. Não espere ter cargos com funções delegadas, mas se informe das atividades, se disponibilize ao serviço, use seus dons na Casa do Senhor. Música, evangelismo, educação, visitas, Cesta do Amor... Escolha em que área você quer servir e compartilhe a responsabilidade de fazer o melhor para Deus e a alegria de servi-lo.
A aqueles que já servem, agradecemos a Deus pelas suas vidas. E aos que almejam servir não prometemos sucesso e fama, carro novo e promoções no emprego, mas uma vida feliz e muito trabalho.
Então, mãos à obra, servos e servas do Senhor!
"É necessário que ele cresça e que eu diminua" (João 3.30).

Do seu servo, Pr. Aroldo Mira

VIVER EM COMUNHÃO (nossa garantia da presença de Jesus)

“Pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mateus 18.20). Você já se perguntou por que este texto diz que Jesus se faz presente onde dois ou três estiverem reunidos e não apenas um? Numa interpretação com pouco aprofundamento do texto original, nos arriscamos a dizer que Jesus se faz presente onde estiverem mais de um reunidos porque ele prefere se revelar na coletividade. Por quê? Porque é na coletividade que podemos vivenciar a comunhão. Talvez agora fique mais claro para nós a importância de procurarmos viver em comunhão com os nossos irmãos. Talvez agora nós valorizemos mais os momentos quando nos reunimos como Igreja, como coletividade, onde cada um é um e ao mesmo tempo somos todos um. Somos um corpo e corpo de Cristo.
Já que entendemos que Jesus se revela na comunhão, sabemos também que sem comunhão ele não está presente e esta comunhão não será alcançada enquanto estivermos sendo crentes somente em casa, enquanto nos isolarmos de todos. Se queremos que Jesus esteja presente e atuante em nossa vida precisamos nos lançar no mundo incerto da comunhão. Incerto porque não há um manual de como viver em comunhão; é tão somente vivendo que experimentaremos a comunhão. Nessa caminhada vamos nos decepcionar com alguns, nos alegrar com outros, mas no correr do processo algo vai nos acompanhar: a certeza de que Jesus está presente.

Seu amigo, Pr. Aroldo Mira

Porque a festa um dia acaba...

Um dia convidaram Jesus para uma festa. Era um casamento na cidade de Caná da Galiléia. Muita comida e bebida. Afinal, a festa duraria muitos dias. Mas no decorrer do evento, o vinho acaba. E naquela época, festa sem vinho era como festa sem refrigerante em nossos dias; não desce! Contudo, para alegria de todos, Jesus estava presente e transforma uma boa quantidade de água em ótimo vinho, que impediu que a festa terminasse antes do tempo. (João 2.1-12)
No último fim de semana também participamos de uma festa. Não foi de casamento, mas de aniversário; o nosso aniversário. Completamos um ano como Igreja emancipada. E como em toda festa, tivemos convidados, presentes, bolo, refrigerante, bexigas (só faltou o brigadeiro!). Também em nossa festa Jesus esteve presente, foi o convidado de honra. Fez toda diferença com sua doce presença que embalou, consolou e desafiou nossos corações através das canções, das reflexões.
Mas o triste em toda boa festa é que ela sempre acaba. Algumas duram uma semana, como o casamento em Caná no tempo de Jesus, outras dois dias, como o nosso aniversário, e ainda há aquelas que mal duram uma noite. E as boas festas sempre deixam saudade, porque a vivência de bons momentos na companhia de pessoas que gostamos ajudam a fazer nossa vida ter mais graça.
Mas a festa um dia acaba. E tem que acabar! Esse é o paradoxo que faz a vida continuar. Porque, do contrário, nos acostumaríamos com a festa, com a euforia, e correríamos o risco de achar que a vida sempre será assim (e na verdade talvez deveria mesmo ser...). Mas a festa termina para nos lembrar que precisamos continuar caminhando. Na caminhada encontramos lutas, ao lutarmos, às vezes vencemos, e vencendo, ou perdendo, temos motivos para nos alegrar, celebrar, convidar pessoas, comprar bolos e refrigerantes e fazer uma nova festa, que um dia acabará novamente.
O nosso primeiro aniversário foi apenas a primeira de outras tantas festas que virão e terminarão. E quando elas terminarem estaremos sempre revigorados para esperarmos pela próxima festa, porque o Senhor Jesus já nos deu vinho novo, ou seja, alegria renovada.

Com a alegria do Senhor,

Por que não falar de borboletas? IV

"Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Sl 19.1). A natureza fala. Podemos entender assim o verso do salmista. Deus fala conosco com muito mais freqüência do que imaginamos. A natureza - toda a criação - é um constante falar de Deus que infelizmente estamos ouvindo cada vez menos. Nos acostumamos (ou às vezes preferimos) ao barulho das descargas e das buzinas dos carros, ao som abafado de muitas vozes juntas nos shoppings, ao ultimo volume do rádio ou da TV naquele programa preferido ou na música da "balada". Nesse universo de "barulho-maníacos", do qual todos fazemos parte, felizmente, acha-se alguns mais sensíveis à voz que vem do verde das faunas e do azul do céus e dos mares; e por que não dizer também do colorido todo especial que vem das borboletas? Essas, mesmo pequenas e frágeis, conseguem fazer-se destaque em qualquer paisagem por onde planam - é isso, elas não voam, planam, desfilam sobre as brisas que as carregam. Até mesmo os mais floridos jardins não dispensam a sua leve presença.
As borboletas são metáforas da vida humana. Elas nos ensinam, além de viver cada fase da vida, como já vimos, a com-viver com o nosso espaço (paisagem), não importando se já está florido ou se ainda precisa de cuidados. Elas não nos ensinam a sermos o destaque da paisagem, mas apenas mais um ponto de beleza. Na natureza não há reis ou rainhas, todos são iguais, pois somente juntos formam o seu reino. Quando queremos ser destaque, sobressair à paisagem, tendemos a não conseguir ouvir as suas vozes e aí poderemos ser até reis e rainhas, mas de um reino vazio e triste, sem a voz do outro, com seus sorrisos e lágrimas.
Aprendamos, então, com as borboletas a enxergar sempre o belo, mesmo nas lagartas "feias"; a acreditar que após cada momento de encasulamento sairemos mais fortes e melhores do que quando entramos neles; e a valorizar sempre as pessoas e outros elementos que, juntos conosco, formam a paisagem onde todos brilhamos juntos.
Que o Senhor, Pai da Criação, nos ajude no exercício dessa arte - ouvir.

Por que não falar de borboletas? III

Hoje é a vez dos casulos. É uma fase do ciclo das borboletas que nem sempre lembramos, mas, como as outras, exerce forte influência na vida delas. Só passando pelos casulos as lagartas se tornam borboletas. É um estado de fragilidade, dentro daquele mundinho só delas, exposto aos perigos externos. Mas ainda assim extremamente necessário para ser borboleta.
Pensando em seus casulos, ainda insistimos na idéia que as borboletas são metáforas da vida.
Nós, seres humanos, também precisamos de casulos. E digo mais: Ai dos que não se encasulam!
Não sugiro que nos vistamos com um saco plástico ou coisa desse tipo e fiquemos alí até virarmos borboletas, nem tão pouco que nos isolemos do mundo em reclusos e abstinências totais. A idéia aqui é que vivamos os casulos da vida, sem medo deles. Eles, os casulos, são nossos amigos, só querem o nosso bem, querem que sejamos "borboletas".
Lembra dos exemplos de encasulamento que Jesus nos deixou? Isso mesmo, Jesus também passou por casulos na sua vida. As vezes em que se isolava para orar ao Pai, como no Jardim do Getsêmani e a sua tentação no deserto, são exemplos desses momentos de auto conhecimento, de transformação e fortalecimento que o Mestre viveu. É para isso que servem os casulos: para nos conhecermos, nos fortalecermos e, ao fim, nos tornarmos algo melhor do éramos quando entramos neles.
Outros exemplos encontramos no Antigo Testamento, como a história de Elias na caverna, com medo da morte. Depois de ser tratado por Deus no seu casulo (a caverna) Elias sai muito mais forte e decidido.
Por que não tomamos os exemplos das borboletas, do Profeta e do Mestre? Vivamos os nossos casulos, aqueles momentos só nossos, talvez de dor ou tristeza, mas importantes e inevitáveis no ciclo da nossa vida. E já que não podemos evitá-los, então nos deixemos transformar nas "borboletas" que Deus planejou para nós após cada casulo.

Por que não falar de borboletas? II

"Existe gosto para tudo", dizem muitos. Mas não encontrei ainda quem tenha se declarado admirador de lagartas. Não sei... talvez pela sua aparência estranha, seu corpo sem forma ou sua falta de cores atrativas. Realmente não são das mais belas criaturas, merecedoras de admiração. Porém, é sobre elas, as lagartas, essas minhas palavras.
Borboletas, sim! Essas gostamos de admirar, pois enchem os nossos olhos com suas cores e seu leve planar ao vento. Mas o seu encantamento não começa nessa fase final da beleza estética latente aos olhos. Vem lá do começo do ciclo, quando a bela borboleta ainda é uma "sem graça" lagarta. Parece ser uma regra: Toda borboleta, para ser borboleta, tem que ser, antes, uma lagarta. Irônico, não? O belo para ser belo, tem que, antes, ser feio. É nas lagartas que começa a beleza das borboletas.
Por isso é que borboletas são metáforas da vida humana.
Viver momentos difíceis não é "privilégio" de alguns. Hoje, então...! Até os mais otimista lançam mão do ditado popular: "A coisa está feia!" Talvez este seja realmente o adjetivo mais adequado para momentos que passamos na vida. Todos, se somos humanos, estamos sujeitos a sofrer, dores diferentes, em intensidades diferentes, variando de momentos para momentos e de pessoa para pessoa. Sofrer, então, não é propriamente o problema. É a nossa postura diante da "situação feia" que vai determinar a dimensão de nossa dor. Por isso, há basicamente duas maneiras de se encarar os problemas: a primeira é se desesperar diante deles e fazer-se acreditar que sempre existirão; a segunda é olhar para eles, os problemas, como se olha para as lagartas. Elas são feias, mas sem elas as borboletas jamais seriam borboletas. Podemos encarar os momentos difíceis da vida como estágios de aperfeiçoamento que antecedem algo novo, muito mais belo. Passar pelas dificuldades não é o problema; não aprender com elas e viver como se fossem para sempre, sim. O belo está nos olhos de quem o quer ver. Lembra da fala de Jesus: "... olhai os lírios do campo..."? E por que não dizer: Olhai as lagartas que logo se tornarão lindas borboletas.
O segredo está no nosso olhar. Se ele partir de um coração com a mesma esperança de Jó (14.7-9) saberemos que tudo vai melhorar, e não precisaremos nos trancafiar eternamente nos nossos casulos existenciais. Bem, mas essa já é uma outra história...
Até a próxima semana, quando pensaremos nos casulos da vida e das borboletas.

Por que não falar de borboletas?

Nada de amor a primeira vista. Foi algo mais que isso. Sabe os símbolos...? Aquelas "coisas" que fazem presente aquilo que está ausente, que se carregam de significado e "simbolismo"; querem dizer alguma coisa - aquela coisa... que só nós em nós mesmos sabemos o que. É assim que encaro minha relação com as borboletas. Elas se tornaram um símbolo para mim; ao contemplá-las, sempre me dizem algo. Não sou biólogo, nem algum especialista em insetos, por isso, meu olhar para as borboletas é simples, nada técnico, como o de quem admira arte ou belas flores. Os olhares técnicos têm o seu lugar na ciência, mas no cotidiano os olhos do coração levam vantagem quando se trata de perceber o belo na simplicidade da vida.
O que as borboletas representam? Bem... para mim, entre outras coisas, as borboletas são como uma linda metáfora da vida humana. Gosto do seu ciclo vital de sucessivas metamorfoses: Lagartas aparentemente feias, mas com um potencial de beleza que só veremos mais tarde; Casulo tão frágil, exposto a todo perigo, mas necessário para que a transformação aconteça com eficácia; Borboletas lindas, de tantas cores, tamanhos e desenhos, leves e fortes voam livres e acompanhadas pelo vento, dando beleza aos jardins por onde passam. Algumas acabam secas em álbuns de colecionadores, outras cumprem seu destino e geram novos ovinhos que trazem ao mundo novas "feias" largartinhas, e todo o ciclo recomeça.
Onde está a metáfora, o símbolo? Borboletas, para mim, são símbolos da própria vida, me ensinam a viver as fases vitais munido de esperança na possibilidade do novo que sempre está por vir. Infelizmente, nem sempre os nossos olhos estão desnudos da técnica para enxergarmos o essencial, que para Exupéry é "invisível aos olhos", pois, "só se vê bem com os olhos do coração".
"Por que não falar de borboletas?" é uma provocação. Quero que nos questionemos quanto ao valor que damos à vida, a nós mesmos e aos outros, para isso, então, usarei borboletas. Assim convido você a estar conosco na próxima semana e, na oportunidade propícia, ler o boletim para que juntos possamos refletir sobre as borboletas enquanto lagartas.
Até lá.

Pensando em Namorados e Pastores

Próxima terça-feira será comemorado o Dia dos Namorados, uma data que, como outras, tem-se tornado cada ano mais comercial, pois todos querem dar presente ao outro amado, e presente, em nosso mundo consumista, é sempre algo comprado, custa caro. Mas, deixando as controvérsias de lado, o 12 de Junho é um dia marcado pelo clima de romance, amor, paixão..., como queiram chamar. Na terça-feira as declarações apaixonadas se intensificarão. Quantos "eu te amo", "você é tudo pra mim"!
Hoje, para nós, é o Dia do Pastor. Homenagens, emoções, declarações, presentes... Parece que já vimos este filme, não? É, realmente há alguma semelhança entre o Dia do Pastor e o Dia dos Namorados.
Onde está a semelhança? No sentimento que norteia ambas as datas: o amor. Em nome dele os amantes fazem loucuras (loucuras aos olhos de quem não ama), são capazes de transpor as barreiras geográficas e existenciais mais consistentes. Preconceitos, diferenças sociais, raciais, dificuldades de convivência..., tudo é ultrapassado por quem ama. O ser amado é a justificativa e causa que agora rege a caminhada, tudo que se faz é pensando nele/nela.
O Pastor, esse é um amante inveterado. Não, não pense que falamos agora da sua relação com a esposa, falamos de uma outra relação de amor: com a Igreja. Ela é a namorada que faz os olhos do Pastor brilharem. Também por ela, a Igreja, o Pastor faz loucuras, abnega, renuncia. Até perde sono. Se dedica, se dá por inteiro. Perdoa, esquece as ofensas, não as considera. Tudo em nome do amor.
Um detalhe a ser observado nas duas realidades, é a possibilidade de não ser correspondido. Nem sempre aquele/aquela que amamos tão intensamente nos corresponde com o mesmo sentimento. Nem sempre a Igreja ama seus pastores como eles a amam. Mas porque eles continuam amando? O segredo é que o amor não precisa de pagamento, não se pode retribuir. A única coisa que ele precisa é de cultivo. O amor é assim, como uma flor, bela e frágil, que se não tiver luz, ar, terra, água e carinho, murcha e morre. O amor dos/as nossos/as namorados/as precisa de cultivo, assim como o amor dos nossos pastores. Uma sugestão no caso dos pastores para cultivarmos o seu amor por nós é sermos mais obedientes à sua voz, mais cooperadores deles na expansão do Reino, mais carinhosos e atenciosos às suas necessidades e de suas famílias, sermos crentes mais sinceros, ligados intimamente a Deus, capazes de amar e perdoar... A lista é imensa. Vamos deixar que você dê continuidade a ela, pois você sabe em que precisa melhorar quanto a sua relação de amor com os seus pastores.
Aos namorados, parabéns! Parabéns por serem capazes de amar.
Aos pastores, parabéns! Parabéns por serem capazes de nos amar.

FALANDO EM FAMÍLIA...

Semana passada se falou em retrato de mãe. E quantas imagens nos vieram à mente... tantas mães que a vida nos presenteou! Hoje, falamos de retrato de família: mãe + pai + filho + filha + tio + avó + quem você considerar sua família. E justamente por isso, eis diante de nós uma tarefa muito difícil: fazer o retrato da família. Porque são tantas e tão diversas que se chega a perguntar o que é família.
Enquanto procuramos a definição mais adequada insistimos em infelizes classificações. Aí temos a família iniciante, a família madura, a família comunicativa, até chegarmos ao apogeu: a família perfeita. Infelizmente, esse estágio se reduziu às figuras dos antigos livros didáticos.
Uma tristeza maior é que ainda houve quem dissesse que na Bíblia encontramos o modelo para família perfeita. Aqui, dois enganos: primeiro, não há pessoas nem famílias perfeitas na Bíblia, e basta uma leitura, mesmo que superficial, dos seus textos para se perceber isso (a propósito, nós é que, ao lermos os textos sagrados, projetamos neles nossos ideais de perfeição); segundo, não existe modelo de perfeição para as famílias ou para as pessoas na Bíblia e em nenhum outro lugar, porque nós somos únicos e nossas experiências relacionais também, assim como nossas famílias e suas experiências de vivências e interação são singulares.
Cada um/uma em sua família deve procurar, segundo a direção de Deus, construir o seu retrato de família, se espelhando menos em receitas e rótulos e investindo em relacionamentos sinceros e maduros. Dois conselhos aos que se lançarem nessa caminhada: 1) Aceite os seus familiares como eles realmente são,
porque eles não precisam ser como você (ou vice-versa) para serem especiais ou
amados por Deus; 2) Busque naquele que nos fez família, o Senhor, sabedoria para saber lidar com as diferenças, e crescer com elas, porque, afinal de contas, você também não é perfeito/perfeita.
Que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que também “é” família, nos abençoe!

Do seu irmão, Pr. Aroldo Mira

Cântico de Maria. Cântico do povo

“Bíblia e Música”. Você se lembra dessa parceria? Hoje, convido você a continuar pensando nessa parceria interessante, com a ajuda do texto de Lucas 1.46-55, o famoso Cântico de Maria, a mãe de Jesus.
Talvez devido ao nosso medo de nos parecermos com os católicos, damos pouco valor a essa personagem bíblica. Maria tem muito a nos ensinar e uma das primeiras lições que aprendemos com ela está em seu cântico, que Lucas fez questão de registrar. Mesmo considerando todas as outras possibilidades de leitura e hermenêutica do texto, convido você a pensar comigo o Cântico de Maria como um cântico que expressa a esperança comunitária de libertação e justiça social do povo.
É interessante que Maria começa o seu cântico individualmente (vv 46-50), expressando a sua gratidão por Deus tê-la escolhido para ser aquela pela qual o Salvador viria ao mundo. Admite a ação de Deus na sua vida (v 49) e chega a entender que a partir dali todos a achariam bem-aventurada (v 48). Porém, a partir do verso 51 o seu cântico começa a mudar de eixo, sai do seu EU e ganha a dimensão de um cântico comunitário. Agora Maria canta a esperança do seu povo. Profetiza a ação de Deus contra todos os que promovem a desigualdade (soberbos, poderosos e ricos) ao passo que declara a exaltação dos humildes, a fartura dos famintos e o amparo a Israel, seu povo. Tudo isso a partir do “agir do braço de Deus” na história.
As lições que Maria nos deixa com seu cântico são várias, mas uma coisa nos fica clara nessa leitura que fizemos do texto: que não adianta muito vivenciarmos experiências marcantes (ou até sobrenaturais) com Deus se não formos capazes de ouvir e partilhar da realidade do nosso povo, fazendo da sua dor a nossa dor, da sua esperança a nossa esperança. O Salvador não veio para fazer de Maria a pessoa mais especial do mundo, mas para o povo que anseia por libertação. Porque a mensagem de libertação só se torna válida na comunidade, no povo.
Que o Senhor, Pai de nosso Salvador, nos ajude a cantarmos a cada dia com mais compromisso o canto sofrido e esperançoso do nosso povo.
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira

BÍBLIA E MÚSICA (por um pouco mais de canção e de cantadores)

Bíblia e Música. Eis umas das mais lindas parcerias. Mesmo que pareça estranho e até falso para alguns (ou muitos), a Bíblia é recheada de cânticos, hinos, de canções vindas de corações contritos, arrependidos, gratos, de vitórias sobre os inimigos, de livramentos, ou mesmo da simples constatação do poder de Deus. Os cânticos de Maria, Moisés, Miriam, Paulo... os Salmos, são exemplos dessa caminhada tão harmoniosa entre Bíblia e Música. Porém, queremos chamar sua atenção não somente para o óbvio dessa parceria, mas para o seu porquê. Qual a intenção de tamanho espaço na Palavra de Deus ser reservado para canções?
Arriscando uma resposta...
Um pastor e professor de Seminário, argumentando sobre a importância da Bíblia, costuma dizer que o homem não soube viver a vida, por isso, Deus providenciou a Bíblia, um manual para ensinar o homem a viver.
Desde a antiguidade a música acompanha o homem, seja nas suas formas mais primárias até as mais complexas partituras. Sempre admirou e encantou a todos. Desde o profano até o sagrado, a música é uma das mais usadas formas de expressão. Alguns pensam em suas letras, outros só ouvem e definem os tons. Os bebês dormem ao som da canção de ninar, assim como as feras dos contos infantis. Outros só conseguem trabalhar ouvindo o rádio, ou, pelo menos, assobiando uma melodia. Há ainda aqueles que vivem cantando, fazem da sua vida uma canção, às vezes triste, às vezes alegre, mas sempre uma canção.
É a partir desse último exemplo que queremos arriscar uma resposta. Pensemos juntos: Ora, se a Bíblia é o manual que Deus nos deu para vivermos a vida e a música é tão presente na Bíblia, podemos entender que Deus nos convida a assumirmos uma postura de cantadores diante da vida, ao passo em que a conduzimos no ritmo da sua Palavra.
Talvez o que o Criador queira de nós não seja uma constante e seca leitura da Bíblia, talvez Ele esteja esperando que tão somente descubramos as notas, os acordes, a melodia, o ritmo, a harmonia contidos nas pautas de sua Palavra, e assim, toquemos cada um o seu instrumento (a vida) da maneira mais bela possível, formando, no fim, uma linda orquestra.
O nosso desejo é que neste mês da música possamos refletir e nos posicionar diante da vida sempre com uma canção aprendida no manual do Criador.
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira

Ainda a propósito das eleições

29 de outubro. Dia de irmos todos às urnas (todos os eleitores, claro!). Cada um de nós, com o seu Título na mão e um desejo sincero de contribuir para a melhoria do nosso país no coração, vai se dirigir à sua zona eleitoral para escolher o presidente do Brasil pelos próximos quatro anos.
Cito aqui estes dois elementos, o Título e o desejo de melhoria, porque os considero importantíssimos na execução do projeto de crescimento tanto do nosso país quanto de qualquer outro empreendimento que nos engajemos. Quero que você pense no Título Eleitoral como aquele documento que legitima perante o Estado sua condição de eleitor, alguém julgado apto e capaz de escolher os governantes da nação. Quanto ao desejo sincero de mudança, esse tem que nascer lá no fundo do coração (da mente), naquele lugar onde guardamos os sentimentos realmente sinceros, sejam eles bons ou maus. Assim, penso que um não tem sentido sem o outro, pois do que adianta ter o documento legal que me habilita como eleitor se eu não desejo verdadeiramente lutar por um Brasil melhor?
E esse princípio pode ser aplicado em muitas áreas de sua vida, inclusive na igreja. Pense comigo: do que adianta ser reconhecido por todos (familiares, colegas, vizinhos, amigos, etc) como um cristão apto e capaz de melhorar minha família, meu bairro, cidade, Igreja e não ter, lá dentro do meu coração, aquele desejo sincero de realmente fazer algo para melhorar esse mundo que “jaz nos maligno”?
Hoje, reflita sobre isso e exerça seu papel de eleitor e de cristão consciente.

A propósito das eleições

Próximo domingo, dia 29, estaremos mais uma vez nos dirigindo às urnas para eleger nosso presidente pelos próximos quatro anos. É um momento significativo para uma nação, quando o povo, pelo voto direto, elege seu representante. Um verdadeiro exercício de democracia.
Se o governante eleito não cumprir bem seu mandato, é uma outra história. Hoje, quero chamar sua atenção para essa tal de democracia: governo exercido pelo povo. Com certeza, desde a Grécia Antiga até o Brasil do século XXI, o sentido de democracia mudou muito. Não temos aqui em nosso país um governo literalmente exercido pelo povo, porém, elegemos de forma direta aqueles que nos governarão. Isso não isenta, no entanto, a participação popular nas decisões que afetam os rumos da nação. Não elegemos um governante para nos livrar das responsabilidades com nosso país, pelo contrário, agora é que devemos participar ainda mais, cobrando, fiscalizando, mas acima de tudo, colaborando, juntando forças para que toda a nação cresça e se desenvolva.
Nas igrejas batistas acontece algo bem parecido. São os membros da igreja, através do voto direto, em Assembléia, que elegem seus líderes. A nossa Igreja, enquanto uma igreja batista, também segue a mesma prática. Isso, porque desejamos construir uma Igreja democrática, ou seja, governada pelo povo. Uma Igreja onde o povo tenha participação nas decisões que marcaram sua caminhada. Mas também, uma Igreja onde o povo é responsável pelo crescimento e desenvolvimento da obra do Senhor.
O convite que faço a você, membro de nossa Igreja, é a darmos as mãos e juntarmos as forças para construirmos uma Igreja forte e saudável, que cresce na pregação da Palavra e na vivência do Reino de amor, justiça e paz que Jesus nos trouxe.
A partir de hoje, exerça a santa democracia aqui na sua Igreja. E próximo domingo, exerça a democracia consciente nas urnas.