sábado, 23 de junho de 2007

Por que não falar de borboletas? II

"Existe gosto para tudo", dizem muitos. Mas não encontrei ainda quem tenha se declarado admirador de lagartas. Não sei... talvez pela sua aparência estranha, seu corpo sem forma ou sua falta de cores atrativas. Realmente não são das mais belas criaturas, merecedoras de admiração. Porém, é sobre elas, as lagartas, essas minhas palavras.
Borboletas, sim! Essas gostamos de admirar, pois enchem os nossos olhos com suas cores e seu leve planar ao vento. Mas o seu encantamento não começa nessa fase final da beleza estética latente aos olhos. Vem lá do começo do ciclo, quando a bela borboleta ainda é uma "sem graça" lagarta. Parece ser uma regra: Toda borboleta, para ser borboleta, tem que ser, antes, uma lagarta. Irônico, não? O belo para ser belo, tem que, antes, ser feio. É nas lagartas que começa a beleza das borboletas.
Por isso é que borboletas são metáforas da vida humana.
Viver momentos difíceis não é "privilégio" de alguns. Hoje, então...! Até os mais otimista lançam mão do ditado popular: "A coisa está feia!" Talvez este seja realmente o adjetivo mais adequado para momentos que passamos na vida. Todos, se somos humanos, estamos sujeitos a sofrer, dores diferentes, em intensidades diferentes, variando de momentos para momentos e de pessoa para pessoa. Sofrer, então, não é propriamente o problema. É a nossa postura diante da "situação feia" que vai determinar a dimensão de nossa dor. Por isso, há basicamente duas maneiras de se encarar os problemas: a primeira é se desesperar diante deles e fazer-se acreditar que sempre existirão; a segunda é olhar para eles, os problemas, como se olha para as lagartas. Elas são feias, mas sem elas as borboletas jamais seriam borboletas. Podemos encarar os momentos difíceis da vida como estágios de aperfeiçoamento que antecedem algo novo, muito mais belo. Passar pelas dificuldades não é o problema; não aprender com elas e viver como se fossem para sempre, sim. O belo está nos olhos de quem o quer ver. Lembra da fala de Jesus: "... olhai os lírios do campo..."? E por que não dizer: Olhai as lagartas que logo se tornarão lindas borboletas.
O segredo está no nosso olhar. Se ele partir de um coração com a mesma esperança de Jó (14.7-9) saberemos que tudo vai melhorar, e não precisaremos nos trancafiar eternamente nos nossos casulos existenciais. Bem, mas essa já é uma outra história...
Até a próxima semana, quando pensaremos nos casulos da vida e das borboletas.

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