quarta-feira, 7 de abril de 2010

PARA QUEM DESEJA SERVIR

“... lavai os pés uns dos outros.”

Falamos muito em serviço. Mas será que estamos realmente preparados para servir em todas as circunstâncias, a todo momento, nos despindo do orgulho, da vaidade, da auto-suficiência que acalentamos no fundo de nós mesmos?
Parece fácil servir, principalmente se temos em mente atitudes simples de nosso dia-a-dia, que não nos custam esforço ou renúncia. Talvez, justamente aqui esteja nosso erro quando pensamos em serviço: reduzimos o servir a uma ação esporádica, sem efeito duradouro, daí servimos quando podemos, quando sentimos vontade ou quando a situação é gritante e necessariamente temos de agir.
Mas qual seria, então, a maneira correta de servir? A resposta é dada pelo Mestre Jesus. Todo seu ministério é, essencialmente, um exemplo de serviço, percebido na sua encarnação assumindo a forma de homem, nas curas, nos diálogos, nos sermões, na morte, na ressurreição e, de forma sintetizada, no episódio do lava-pés (João 13.1-17).
Nos remontando à cena, imaginemos Jesus, o próprio Deus feito um de nós, deixando seu lugar à mesa, tirando o manto, atando uma toalha na cintura, se abaixando e lavando um a um os pés dos discípulos, que, perplexos, não entendiam ainda o que aquele gesto, próprios dos escravos, significava no ministério de Jesus. Por isso, Pedro, inicialmente, se recusa a ter seus pés lavados pelo Mestre.
A mensagem do texto, tão bem elucidada pelo autor do Quarto Evangelho, é clara: temos que, como cristãos, servir como Cristo serviu, chegando até a lavar os pés uns dos outros (v. 14), se necessário. Mas não é só isso. No lava-pés, Jesus tenta pela última vez fazer com que seus discípulos entendam a verdadeira mensagem do Reino: que “o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir”. Contrariando todas as expectativas da espera de um rei glorioso, um guerreiro sanguinário ou um revolucionário justiceiro, chega um servo, alguém que lava os pés, inclusive daquele que o havia de trair. O servir para Jesus era um ato existencial, estava atado a ele como aquela toalha cingida na cintura, que não foi retirada mesmo depois de se assentar de volta à mesa.
Aprender a servir com Jesus é estar realmente preparado para servir, seguindo o seu exemplo (v. 15), lavando os pés (servindo) até dos nossos inimigos e entendendo que foi para isso que fomos chamados para seu Reino, o único onde todos são servos uns dos outros, até o Rei.
Que o mesmo Deus-Servo nos faça preparados para servir sempre.
“Se bem sabeis estas coisas (servir), bem aventurados sois se as fizerdes” (v. 17).

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