domingo, 8 de novembro de 2009

VOCÊ PODE SER UM CANTOR PROFISSIONAL

Não faz muito tempo que recebi uma “bronca” de uma querida irmã da Sotero. Segundo ela, eu deveria parar de dizer que não sei cantar afinadamente e me esforçar mais para cantar bem. E ela disse a razão: primeiro, porque repetir que não sei cantar me impede de aprender; segundo, porque é muito bonito um pastor que canta, especialmente quando faz isso logo após a pregação.
Mesmo sendo a vítima da “bronca”, admito que concordo com a irmã. Preciso me esforçar para cantar bem e também admiro um pastor-cantor. Mas, também confesso que esse pode ser um dos “espinhos na carne” que terei de levar comigo!
Lembrei desse episódio enquanto refletia sobre a relação da música com a igreja, com as pessoas que assistem nossos cultos e com uma adoração verdadeira ao Pai.
Em seu diálogo com a mulher samaritana (João 4.6-26), um dos mais profundos nos Evangelhos, Jesus revela que a adoração a Deus, ao contrário da adoração aos ídolos, precisa ser em espírito e em verdade. E não poderia ser de outra forma!
Os ídolos não se materializam apenas nas imagens de escultura feitas por mãos de homens (Jeremias 10.14; 51.17), mas também tomam a forma organizacional das estruturas religiosas. O culto ao Deus de Israel tornou-se vazio e sem misericórdia, apesar de suas celebrações tão ostentosas. Problema enfrentado desde o Antigo Testamento (Isaías 1; Amos 5). Se a adoração ao Pai Celeste tem sua manifestação mais expressiva no culto coletivo, então faz sentido que os cultos sejam em espírito (desprendidos de uma estética do espetáculo e da valorização das coisas em detrimento das pessoas) e em verdade (porque diante do Deus que vê nosso coração não há lugar para falsidade).
Infelizmente, ainda insistimos no erro denunciado por Jesus e praticado pelos religiosos de seu tempo. Super-valorizamos a estética dos cultos, o profissionalismo dos músicos, solistas e instrumentistas, a impecável homilia do pregador com terno e gravata e as mais diversas programações especiais cheias de efeitos para impressionar os visitantes. Só nos esquecemos de um discreto detalhe: a adoração em espírito e em verdade que, no ministério de Jesus, se traduz em amar as pessoas com amor de cruz, mesmo que sejam elas quem me crucifiquem.
Não é o profissionalismo que toca o coração de Deus, mas o amor a ele e ao nosso próximo. Por isso, me arrisco a dizer que foi Jesus quem prestou o maior e melhor culto a Deus e fez isso sem templos e sem programações, apenas com sua vida, seu corpo, seu sangue e seu amor numa cruz.
Espero que sejamos profissionais nessa canção chamada amor de Deus.

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