quarta-feira, 15 de julho de 2009

VAMOS CONVERSAR?

Conversar é sempre bom! Uma conversa é momento mágico, metafísico, é instante de graça (para usar uma palavra mais nossa!). Num diálogo desarmado entre iguais, cada um fala de si (ou dos outros) e ouve, na mesma medida, de si (ou dos outros). É nessa troca que a magia acontece. Chamo de mágico, não por ser ilusório, mas por ser encantador, forte e sedutor. O mágico, gracioso, que nasce numa conversa é o conhecer-se mutuamente. Como é possível que, pela troca de palavras, olhares ou gestos, consigamos ter acesso ao outro e este acesso a nós? Não sei a resposta, mas sei (e sinto) que é assim.
Algo tão singular só poderia ser de Deus! É verdade, Deus gosta de conversar! Fez isso com Adão em Éden (Gênesis 3.8-10); Abraão em Sodoma (Gênesis 18.22-33); Moisés no Horebe (Êxodo 3); Jó no limite da dor (Jó 42.1-6); Isaías com a crítica ao culto de Jerusalém (Isaías 1.18); Jesus (sendo ele próprio a Palavra, a “Conversa” encarnada); Paulo a caminho de Damasco (Atos 9.3-6).
Mas uma conversa só é mágica, instante de graça, quando as partes que dialogam passam a conhecer-se, reconhecendo até a voz do outro. Sem esse reconhecimento as vozes dos meus semelhantes se tornam barulho incômodo e, por vezes, insuportável, deixando um fosso propício à indiferença, agressividade e violência.
O menino Samuel, quando da primeira vez em que Deus falou com ele convidando-o para uma conversa, não reconheceu sua voz, chegou a confundi-la com a voz de Eli. Mas Deus, como bom de prosa que é, não desistiu e insistiu em chamar Samuel para prosear (veja 1Samuel 3).
Após a ajuda experiente de Eli, Samuel identifica a voz, que já não é mais estranha, não assusta. E a resposta é simples e própria de quem está disposto a iniciar uma boa conversa: “Eis-me aqui”, estou aqui, pronto a te ouvir.
Privilégio grande o nosso de sermos uma Igreja que gosta de conversar e que acredita na forma desse momento de diálogo. Quer seja numa Convers[a]fiada ou numa Semana Jovem, respondamos sempre a Deus e aos nossos semelhan-tes: Estou aqui, pode falar, abrir o coração, rir, chorar, ou mesmo se calar.

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