quarta-feira, 15 de julho de 2009

SOMOS TODOS NAZIREUS

Existem alguns rituais praticados pelos judeus do tempo bíblico que soam estranho para nós cristãos de um século tão miscigenado. Um exemplo desses rituais é o nazireado, quando se faz o voto de nazireu, como aconteceu com Sansão (Juízes 13.1-7) e Samuel (1Samuel 1.11). É em Números 6:1-21, onde se registra todo o procedimento para o nazireu, que se destaca o que lhe seria proibido: 1) não passa navalha em sua cabeça (v. 5), porque deve ser submisso a Deus; 2) não ingere bebidas fortes (v. 3), porque deve manter-se sóbrio; e 3) não toca em cadáveres (v. 6), porque não pode contaminar-se. E foi seguindo esse parâmetro de santificação que viveram Sansão, Samuel e muitos outros no Antigo Israel.
Santificação no Antigo Testamento, envolve assepsia, limpeza conseguida com o distanciamento daquilo que se julga impuro, sujo ou contaminável, como os leprosos, as mulheres em período de menstruação ou pós-parto e os corpos mortos. Afastar-se dessas “coisas” impuras é uma exigência aos que pleiteiam uma vida santa e mais próxima do Santo Deus. Um problema grave é que não se conseguia separar as pessoas dos seus estados impuros; afastar-se da impureza também era afastar-se de pessoas, excluindo-as da possibilidade de serem amadas, acolhidas, consoladas e até curadas de sua enfermidade.
Tal concepção de santificação também está presente no imaginário judaico do Novo Testamento. É nesse contexto que Jesus vive e anuncia o Reino de Deus. Jesus também é santo, consagrado, separado do pecado (João 8.46), mas não das pessoas. Sua santidade não o impede de tocá-las, conhecer suas histórias, saber de seus anseios, curar seus corpos, saciar sua fome e sede, perdoar seus pecados e dispensar a todos salvação. No Reino de Deus isso é santificação. Nos purificamos do pecado, repudiamos a maldade, denunciamos a desigualdade, mas acolhemos as pessoas seja qual for sua condição: homens ou mulheres, crianças ou idosos, pobres ou ricos, sadios ou enfermos, tocaremos em todos, sarando suas feridas e tornando-os santos pela força do amor de Jesus que um dia também nos tocou e nos santificou.
Que hoje, celebrando nosso terceiro aniversário e inspirados pelo Conjunto Nazireu, o Espírito Santo nos torne puros para tocarmos os impuros, assim como Jesus fez e ainda faz através de sua Igreja.
Feliz aniversário “Santa-Sotero”!

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