quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sobre reinos, sonhos e famílias

Das épicas gregas, passando pelo clássico da Branca de Neve, até o premiado Senhor dos Anéis, um cenário sempre será comum: um reino. É num reino olímpico que se estabelecem as relações de poder dos deuses gregos e também dos mortais, é num reino perfeito que a pobre Branca de Neve sofre as maldades da vaidosa madrasta má e onde também é despertada pelo príncipe encantado, e é no reino da Terra Média que a luta pelo poderoso anel se dá.
Parece que a humanidade precisa criar e re-criar sempre seus reinos, seus mun-dos encantados, perfeitos, onde o bem sempre vence o mal. Porque os reinos são, antes de qualquer coisa, sonhos. E a vida é impossível sem sonhos, sem reinos.
Jesus também contou a história de um reino, o Reino de Deus, o Sonho de Deus. Porque Deus também sonhou com um Reino onde todos fossem iguais, irmãos e irmãs, filhos de um mesmo Pai, onde justiça e misericórdia fossem vividas por cada um. E Jesus aqui tem dupla missão: é porta-voz do Reino, mas também é lugar onde se encontra o Reino. Por isso, ele entendeu, desde cedo, que os reinos são possíveis, que os sonhos podem se realizar. Mas também descobriu que sonhos como o Reino de Deus para se tornar realidade, precisam de quem dê a vida por eles. É como a semente que tem que morrer na terra para se tornar árvore, lembra? Isso me traz a certeza de que todos nós precisamos de sonhos, de reinos pelos quais daremos nossa vida, se preciso for, assim como fez Jesus pelo Reino de seu Pai.
Estamos encerrando hoje o mês da Família. E gostaria de lembrar a você que o seu reino começa em sua casa. É lá que seus sonhos se tornam possíveis. Mas, para isso, talvez seja preciso dar a vida por ela, abrir mão de teus sonhos particulares, amar quando não correspondido, perdoar mesmo com a razão. E mesmo quando tudo parecer dizer o contrário, acredite no “sonho da família”, invista sua vida neste projeto e você será realmente feliz.
Encerre este mês de Maio respondendo honesta-mente essas perguntas: Como anda o teu reino? Quais são os teus sonhos? Como vai tua família?

Retratos de família

Que tal entendermos os retratos como representações de instantes significativos de nossa vida? Instantes que levamos na carteira, nos porta-retratos, nos murais, nas Bíblias... Sempre haverá um lugar especial para o retrato de alguém especial! E retratos especiais precisam ser perfeitos, por isso, fazemos pose para foto, e diante das câmeras somos todos modelos fotográficos profissionais.
Quando o retrato é de nossa família – mãe + pai + filho + filha + tio + avó + quem você considerar sua família – tendemos à mesma busca de perfeição. E, justamente por isso, eis diante de nós uma tarefa muito difícil: fazer o retrato perfeito da família. E elas são tantas e tão diversas que se chega a perguntar o que é família.
Enquanto procuramos a definição mais adequada insistimos em infelizes classificações. Aí temos a família iniciante, a família madura, a família comunicativa, até chegarmos ao apogeu: a família perfeita. Infelizmente, esse estágio se reduziu às figuras dos antigos livros didáticos.
Uma tristeza maior é que ainda houve quem dissesse que na Bíblia encontramos o modelo para família perfeita. Aqui, dois enganos: primeiro, não há pessoas nem famílias perfeitas na Bíblia, e basta uma leitura, mesmo que superficial, dos seus textos para se perceber isso (a propósito, nós é que, ao lermos os textos sagrados, projetamos neles nossos ideais de perfeição); segundo, não existe modelo de perfeição para as famílias ou para as pessoas na Bíblia e em nenhum outro lugar, porque nós somos únicos e nossas experiências relacionais também, assim como nossas famílias e suas experiências de vivências e interação são singulares.
Cada um/uma em sua família deve procurar, segundo a direção de Deus, construir o seu retrato de família, se espelhando menos em receitas e rótulos e investindo em relacionamentos sinceros e maduros. Dois conselhos aos que se lançarem nessa caminhada: 1) Aceite os seus familiares como eles realmente são, porque eles não precisam ser como você (ou vice-versa) para serem especiais ou amados por Deus; 2) Busque naquele que nos fez família, o Senhor, sabedoria para saber lidar com as diferenças, e crescer com elas, porque, afinal de contas, você também não é perfeito/perfeita.
Que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que também “é” família, nos abençoe!

Façam tudo o que ele mandar...

Uma festa. Todos estão se divertindo há dias! Muita bebida e comida. Mas algo desagradável aconteceu: a bebida acabou. A alegria agora está ameaçada. Todos iriam para suas casas meio tristes porque ainda tinham muito que conversar, brincar. Só que alguém se lembrou de um convidado ilustre que estava na festa, era Jesus. Na verdade, foi sua mãe, a Maria, quem o procurou avisando que o vinho tinha acabado. E tinha mesmo que ter sido ela, pois, até então, Jesus não tinha feito nenhum milagre e ninguém sabia de suas qualidades divinas. Mas Maria, sua mãe, guardava muita coisa no coração a respeito de Jesus (ver Lucas 2.19). E ela denuncia: “O vinho acabou!” E Jesus responde: “Calma, eu sei o que devo fazer e farei do meu jeito”.
Parece que, agora, Maria começa a entender as coisas que há muito vinha guardando no coração: “Meu filho é Deus e como Deus, ele sabe sempre o que é melhor para todos nós”. Dessa profunda revelação nasce, talvez, a expressão mais forte e significativa do exemplo que a mãe de Jesus deixou para nós: “Fazei tudo o que ele mandar”. Esse é o segredo. Obedecer a Jesus Cristo através, unicamente, da certeza de que só nele encontraremos o verdadeiro caminho.
Hoje é o Dia das Mães. E o exemplo da mãe do Salvador é o presente que desejamos dar a todas as mamães. Ensinem aos seus filhos a fazerem tudo que Jesus mandar e eles serão felizes em tudo que fizerem.

CHAMADO DE TODOS. MISSÃO DE CADA UM.

Hoje encerramos a Campanha de Missões Mundiais. E é claro que encerramos a Campanha, mas não a atividade missionária, pois essa só cessará quando nosso Senhor retornar. Nos alegramos com os resultados satisfatórios destes dias em que celebramos a pregação do Evangelho pelo mundo, destacando as realidades do Japão, China e Timor Leste. Conhecemos as dificuldades destes países e a necessidade que eles têm de conhecerem a Cristo. Oramos por essas e outras nações, rogando ao Pai que sustente os missionários que já estão nos campos e, também, desperte outros muitos para a obra missionária tanto lá, nos confins da Terra, quanto aqui em Salvador, em Cosme de Farias, em nossa vizinhança.
O tema da Campanha nos lembrou que o chamado é de todos: homens e mulheres, crianças e idosos, brancos e negros, ricos e pobres. Todos, independente de suas diferenças, são chamados para essa grande e maravilhosa obra de salvação. Não há desculpas que possamos dar ao Senhor que nos chamou!
Mas a missão, segundo o nosso tema, é individual, de cada um. Quer dizer que o que nós fazemos ou faríamos no Reino de Deus, outra pessoa qualquer poderá fazer bem, mas jamais fará do nosso jeito, porque a missão é de cada um. Às vezes, em nossos momentos de fraqueza, somos tentados a achar que alguém poderia fazer melhor o nosso trabalho na Igreja, porque é mais hábil, comunicativo, tem mais tempo de batizado... E por aí segue a triste lista das nossas comparações. Mas, talvez seja nessas horas que deveríamos lembrar das palavras de 1Samuel 16.7: “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração”. O importante é ter a certeza que não adianta enganar ou fugir de Deus, pois ele vê o nosso coração e sabe se o nosso desejo de servir é real ou não passa de hipocrisia religiosa.
Mas, para nós hoje, é importante lembrar que o Senhor chamou a nós todos e deu uma missão especial para cada um, missão que só nós podemos realizar do nosso jeito, que é o jeito que Deus quer, quando é de coração.
A China, o Japão e o Timor Leste precisam de você. Mas a sua Igreja também! Aqui Deus tem uma missão muito especial para cada um e cada uma, é só ver com os olhos de um coração que adora ao Senhor e ama as pessoas que perecem em nosso bairro porque não conhecem a Cristo.
Que você é chamado(a) por Deus, eu tenho certeza.
Mas qual é sua missão aqui em sua Igreja?

sábado, 23 de junho de 2007

Sobre o Advento IV

É Natal
“... e por isso estamos cheios de alegria.”

Juntos, como Igreja de Cristo, nós da Família Soteropolitana celebramos o Advento, uma festa daqueles que aguardam seu Senhor. Nestas últimas três semanas acendemos as velas da vigilância, da confissão e da esperança.
Hoje é o dia em que acendemos a vela mais esperada, a quarta vela, simbolizando a alegria dos que aguardam com perseverança e vêem se cumprir a promessa do Senhor em suas vidas.
Apesar de todas as críticas que se façam ao Natal celebrado aqui no ocidente-capitalista, ainda é o momento que se convencionou entre os cristãos para celebrar o nascimento daquele que é o centro da nossa fé, o Senhor Jesus Cristo.
E a alegria é esse sentimento (ou estado de espírito, como queiram) paradoxo em si mesmo, pois só sabem o que é alegria aqueles que passaram pela tristeza.
Quem celebra o Advento vivencia exatamente essa tensão sentimental entre tristeza e alegria. Pois o Advento é uma dupla celebração: a vinda e o volta do Senhor, porque ele veio como Deus-Menino, cresceu e morreu na cruz por nós, mas voltará como juiz para levar consigo os seus. Assim, nos alegramos com a promessa que se cumpriu, com o Emanuel entre nós, mas também nos entristecemos pela saudade que temos do nosso Senhor. Contudo, nos alegramos em saber que um dia o veremos face-a-face e então nossa alegria será completa.
Enquanto esse dia tão glorioso não chega, você pode aplicar essas verdades sobre alegria no cotidiano da sua vida, lembrando que toda a tristeza pode durar uma noite, mas a alegria vem na manhã de um novo dia.
Neste dia de Natal, convidamos você a acender em seu coração a vela da alegria, mesmo quando a tristeza parecer mais forte, lembrando sempre do que disse o nosso Senhor: “... a vossa tristeza se converterá em alegria” (João 16.20).
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira

Sobre o Advento III

HÁ ESPERANÇA... PARA OS QUE CRÊEM E AGEM

Hoje, acendemos a terceira vela da celebração do Advento, nos fazendo lembrar a esperança que devemos ter no cumprimento das promessas de Deus.
Numa definição bem simples e popular, esperança seria a capacidade de acreditar que tudo pode e vai melhorar e, o mais importante, agir no sentido de fazer acontecer o que se espera. Diz uma canção secular: “Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer”.
Na vivência da esperança dois movimentos são importantes: 1) a capacidade de acreditar, mesmo sem nenhuma percepção dos sentidos; e 2) a capacidade de agir, mesmo quando as forças parecerem ter acabado.
Esperança e fé caminham sempre juntas. E “fé é a certeza das coisas que se esperam e a prova daquilo que não se vê” (Hebreus 11.1). O primeiro passo, então, para viver a esperança real em Deus é crer, mesmo sem ver. Tomé é o exemplo negativo que logo nos vem à memória (João 20.24-29). Mas ver para crer talvez não fosse o maior problema de Tomé. Não ver os fatos da vida com os olhos da fé, esse foi o pecado de Tomé. A fé é o alimento que nutre o espírito da esperança. Quando tudo parecer contrário, acredite e siga o conselho de Jesus: “Não sejas incrédulo, mas crente!” E passe a ver a vida com os olhos da fé.
Ao contrário do que muitos pensam, a esperança não é apenas um esforço espiritual para melhoria do mundo, mas ação concreta em direção a realização dos sonhos mais sinceros que Deus plantou em nossos corações. Por isso quem tem esperança corre atrás. Como Abraão, que deixou tudo e foi para a terra que Deus o prometeu; o povo de Israel, que travava batalhas pela terra prometida; os profetas, que esperavam a ação de Deus no meio do povo enquanto pregavam a palavra do Senhor; os apóstolos que anunciavam o evangelho enquanto aguardavam a volta de Jesus; e o próprio Deus, fonte de nossa esperança, que, enquanto espera com paciência o homem, age se entregando numa cruz para salvá-lo. Deus já deu a você força, inteligência, saúde e outros meios para você realizar seus sonhos, então lute e não desista na primeira dificuldade. Aja e o que você não puder fazer Deus fará.
Hoje eu convido você a permitir que a vela da esperança em Cristo Jesus ilumine sua vida e dê a você fé e forças para agir.
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira

Sobre o Advento II

UMA DUPLA MISSÃO AOS QUE CELEBRAM O ADVENTO

Iniciamos na semana passada as celebrações do Advento, que é a espera da vinda do nosso Senhor. Acendemos a primeira vela, simbolizando a necessidade de estarmos vigilantes em todo tempo até a volta de Cristo.
Hoje é o dia de acendermos a segunda vela, que nos lembra a exortação do profeta Isaías (40.3) vivida por João Batista: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Marcos 1.3). Essa é, sem dúvidas, a missão daqueles que aguardam a vinda do Salvador: endireitar caminhos!
A missão de João Batista, ao contrário do que muitos da época dele pensavam, não era salvar ou curar as pessoas, mas apenas anunciar, preparar o caminho (Mc 1.7,8). Mas, para preparar o caminho de outros João teve que preparar o seu caminho nos vários anos de deserto e na prática da denúncia de pecado. Assim, a missão do profeta parece dupla: 1) preparar o seu caminho para então 2) preparar o caminho do seu povo.
Como João Batista, você e eu também somos profetas com uma dupla missão: 1) Nesse tempo de Advento, Deus nos convida a endireitarmos nosso caminho. Caminho, para o povo da Bíblia, geralmente, é uma metáfora da vida. Cada um tem seu caminho a trilhar, sua vida a viver. Sua primeira missão é endireitar sua vida. Faça como o salmista que pediu a Deus para desviá-lo do caminho mal e guiá-lo pelo caminho eterno (Salmos 139.24). 2) O outro passo é endireitar o caminho do seu povo, das pessoas que convivem conosco - familiares, vizinhos, colegas, amigos. Não adiantará muito termos vivenciado uma experiência de libertação e salvação com Deus se não a transmitirmos a outras pessoas que ainda estão perdidas. Faça como a mulher samaritana que, após seu encontro com Jesus, foi às pressas anunciar aos outros que tinha encontrado o Messias (João 4.28-30; 39-42).
O nosso desejo é que você aceite o convite bíblico: prepare seu caminho! Porque cedo o Senhor vem, e sem demora.
Que o Senhor nos encontre com a vida preparada na sua volta.
Seu amigo,
Pr. Aroldo Mira